Projeto eleitoral de Tereza deve garantir “palanque” de Bolsonaro

Candidatura ao Senado é quase certa e deve ser a principal propagadora do nome do presidente na campanha

Um cenário eleitoral ainda em formação e em ritmo especulativo faz com que a maioria das alianças hoje cravadas possam de repente mudar e se tornar mera página virada na política. 

Contudo, há “namoros” em que a data de casamento está marcada e a possibilidade do evento ser é quase nulo. 

Essa pode ser a definição política para a relação sólida entre a ministra da Agricultura e Pecuária, Tereza Cristina, provável candidata ao Senado em Mato Grosso do Sul em outubro, e o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição.

Por ora, a ruralista é quem aparece como a mais forte aliada bolsonarista no Estado – onde o agronegócio tem forte apelo, inclusive eleitoral – sua candidatura deve ser o principal palanque de Jair em terras sul-mato-grossenses, mesmo que Tereza não seja cogitada à disputa pelo Executivo. Encabeçando o chamado “Projeto MS”, ela deve atuar no pleito como a grande puxadora de votos para Bolsonaro, algo que fica evidente cada vez mais em declarações públicas do mandatário-mor do Brasil.

“Tereza foi indicação do parlamento brasileiro. É uma senhora simplesmente fantástica, que encarna todo o sentimento do homem do campo”, disse o presidente semana passada, em Brasília [DF], em um evento promovido pelo Banco do Brasil. 

Bolsonaro ainda tirou fotografia ao lado de Tereza em uma cabine de caminhão do banco, que vai rodar o País até dezembro, como se fosse uma agência móvel para fechar negócios com os produtores rurais de cada município a ser visitado no interior.

Alguns correligionários de Bolsonaro até falam que a ministra campo-grandense é cotada como pré-candidata à Vice-Presidência, mas a própria Tereza disse recentemente que nunca tratou do assunto com o presidente e o que ambiciona, mesmo, é a cadeira do Senado por Mato Grosso do Sul – em entrevista recente de Bolsonaro à rádio Grande FM, de Dourados, ele revelou um projeto capitaneado pela ministra para o Estado e que representa o bolsonarismo.

Na briga pela vaga ao Senado, Tereza torna-se de forma automática e sob a ótica de uma primeira análise o único palanque e a mais relevante apoiadora do presidente em território sul-mato-grossense.

Pelo acertado até agora em Mato Grosso do Sul, Bolsonaro segue sem indicativos de ter um palanque reservadamente seu, disponível durante a disputa pela reeleição – o mesmo ocorreu em 2018, apesar dos dois candidatos mais votados ao governo local tentarem colar sua imagem a ele em busca de angariar eleitores.

As pré-candidaturas ao governo anunciadas até aqui estariam longe de uma aliança com o PL de Bolsonaro. O MDB do ex-governador André Puccinelli, por exemplo, teria o compromisso de abrigar como pré-candidata à Presidência a senadora sul-mato-grossense Simone Tebet. 

Já o PSD do prefeito da Capital e pré-candidato ao governo, Marquinhos Trad, teria de acomodar Bolsonaro no palanque e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, provável candidato à presidente pelo partido.

O PSDB de Eduardo Riedel, outro nome que deve concorrer ao governo, ao menos até agora, teria de acolher o governador João Doria, eventual candidato à Presidência dos tucanos, inclusive escolhido em disputa interna com votos de correligionários de todo o Brasil – ele concorreu contra o gaúcho Eduardo Leite e o amazonense Arthur Virgílio. 

Já o PT regional, além da rivalidade criada com o presidente, está eufórico com a pré-candidatura de Zeca, um dos principais apoiadores de Lula.

Restou, então, a Bolsonaro as legendas PL, PP e o União Brasil, partido recém-criado mas ainda não homologado a partir da fusão do DEM e do PSL, ex-sigla de Bolsonaro.

As três legendas ainda não se manifestaram com interesse na disputa Presidencial. O PL aguarda orientações de Bolsonaro e deve agir pela aliança da reeleição. 

O PP, outra sigla que apoia o mandatário, também não se definiu, mas deve seguir ao lado de Bolsonaro. O problema é que localmente as siglas não possuem um nome forte o suficiente para, na disputa pelo Executivo local, criar um palanque “pesado” o suficiente para Bolsonaro.

Já o União Brasil aguarda até março para definir que rumo tomar – contudo cota-se o apoio ao ex-juiz Sergio Moro (Podemos) como algo quase certo nacionalmente. 

O grande que dessa questão envolvendo o União Brasil é como a sigla deve se comportar nos estados: diretórios regionais serão ou não liberados em firmar as próprias alianças, podendo até criar palanque para candidatos de partidos, na esfera federal, adversários em outubro.  

TEREZA NO UNIÃO?

A possibilidade de abertura para que diretórios regionais abram seus palanques para apoiar nomes diferentes da executiva nacional abre brechas para a ministra seguir no União Brasil e ali mesmo ser o braço direito de Bolsonaro em outubro, na corrida pelos votos nas urnas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

“Há entendimentos capitaneados pela ministra Tereza Cristina na tentativa de assumir a presidência do União Brasil em Mato Grosso do Sul. Há a chance de caminharmos com ela caso isso ocorra. Há ainda convites [recebidos por ele] do PP, PL é até PSC. Precisamos de condição de exercício político e viabilidade eleitoral diante à impossibilidade de coligação. Sendo assim, estamos estudando a melhor oportunidade diante de nossas necessidades políticas”, afirmou o deputado federal bolsonarista Luiz Ovando (União Brasil), em entrevista por telefone à reportagem do Correio do Estado.

O relato de Ovando indica que não é definitiva a decisão de o União Brasil ser comandado em Mato Grosso do Sul pela senadora Soraya Thronicke – ela, inclusive, foi figura principal de vídeo que circulou recentemente na internet apontando que ela estaria pedindo que bolsonaristas atacassem e questionassem Tereza e outro senador, Nelsinho Trad (PSD), sobre o que eles faziam para ajudar Bolsonaro. 

A senadora afirma que o áudio foi editado e recortado, inclusive com simulações de vozes, para forjar uma situação em que ela fosse atacada.

Soraya já disse ter interesse em lançar candidatura própria para o governo local, alçando a deputada federal Rose Modesto, do PSDB, e que trocaria de sigla para concorrer à governadoria.

Com informações do Correio do Estado

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