Procurador argentino solicita abertura de investigação contra Macri por envio de armas para Bolívia

Governo da Argentina acusa o ex-presidente Mauricio Macri, que comandou o país entre 2015 e 2019, de contrabando agravado de armas para fornecimento de material bélico à Bolívia no golpe de Estado em novembro de 2019.

O procurador federal argentino, Claudio Navas Rial, solicitou nesta sexta-feira (16) a abertura de uma investigação criminal em decorrência da denúncia do governo que acusa o ex-presidente Mauricio Macri de contrabando agravado de armas, entre outros crimes, para fornecimento de material de guerra à Bolívia durante o golpe em novembro de 2019.

“Macri foi acusado de embarque de armas para a Bolívia”, disseram fontes judiciais à Sputnik.

Junto de Macri, a ministra da Segurança do governo anterior, Patricia Bullrich, e seu homólogo da Defesa, Oscar Aguad, também foram acusados. A investigação judicial também aponta contra o ex-embaixador argentino na Bolívia, Normando Álvarez García, o ex-diretor da Gendarmaria (força militar civil), Gerardo José Otero, o ex-diretor de Logística da força, Rubén Carlos Yavorski e o ex-diretor de Operações também da Gendarmaria, Carlos Miguel Recalde.

Mauricio Macri, ex-presidente da Argentina, participa do Fórum Defesa da Democracia nas Américas do Instituto Interamericano para a Democracia em Miami, Flórida, EUA, 5 de maio de 2021

© AFP 2021 / EVA MARIE UZCATEGUIMauricio Macri, ex-presidente da Argentina, participa do Fórum Defesa da Democracia nas Américas do Instituto Interamericano para a Democracia em Miami, Flórida, EUA, 5 de maio de 2021

No âmbito deste caso, o Juiz Penal Econômico Javier López Biscayart, solicitou na terça-feira (13) medidas de teste ao governo de Alberto Fernández para apoiar a denúncia que apresentou contra o governo anterior.

Na denúncia apresentada semana passada, o governo de Alberto Fernández acusou a administração anterior de realizar “uma manobra enganosa e premeditada” para ocultar o fornecimento de material de guerra aos agentes que executaram o golpe na Bolívia.

O Executivo presidido por Macri também “contrabandeou armas e munições para reprimir civis em apoio a um governo de fato”, acrescentou a carta.

Acusações

Os funcionários do atual governo solicitam que sejam investigados os crimes de “contrabando agravado pelo número de pessoas envolvidas, pela qualidade dos funcionários públicos, pela participação de um funcionário da alfândega e pelo trato com armas e munições de guerra”.

Também exigem uma investigação sobre os crimes de desvio de dinheiro público e abuso de autoridade. O primeiro crime tem pena de prisão de um a seis anos e o segundo de seis meses a dois anos.

A Gendarmaria Argentina solicitou em novembro de 2019 à Agência Nacional de Materiais Controlados (Anmac) autorização para trazer para a Bolívia um total de 70 mil cartuchos de balas de borracha que nunca voltaram, segundo documentos desta força federal a que a Sputnik teve acesso.

Outra nota enviada em 13 de novembro pelo comandante da Força Aérea Boliviana (FAB), general Jorge Gonzalo Terceros Lara, ao então embaixador argentino Norberto Álvarez García, agradece o envio de 40 mil cartuchos de balas de borracha AT 12/70, além de 18 gás lacrimogêneo em spray MK-9, cinco gás lacrimogêneo em spray MK-4, 50 granadas de gás CN, 19 granadas de gás CS e 52 granadas de gás HC.

O ministro da Defesa argentino, Agustín Rossi, confirmou que essas munições foram enviadas em um avião Hercules C-130 em 12 de novembro de 2019, voo em que também viajou pessoal da Gendarmaria.

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, durante pronunciamento.

© AFP 2021 / ESTEBAN COLLAZO/PRESIDÊNCIA DA ARGENTINAO presidente da Argentina, Alberto Fernández, durante pronunciamento.

Alberto Fernández pediu desculpas ao governo boliviano depois de verificar o despacho do governo anterior às forças que obrigaram a renúncia de Morales em 10 de novembro de 2019, um dia antes de o ex-presidente ser exilado e recebido como refugiado no México e depois na Argentina.

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