A JBS, a maior multinacional da proteína animal no mundo, domina o setor onde quer que atue. Em Mato Grosso do Sul, espalhou seus tentáculos por meio de diversas empresas, mas a questão central está num personagem-chave: alguém que teve coragem e influência suficientes para garantir à família Batista a tranquilidade judicial necessária para expandir seus negócios.
Esse homem é Marcelo Zanatta Estevam, ex-proprietário do frigorífico Redentor, com unidades em Coxim e Rio Verde de Mato Grosso. Sua trajetória começou de forma modesta, mas sempre esteve ligada ao setor da carne. Natural de Rio Verde de MT, ele mergulhou prematuramente nos negócios da família, assumindo a administração do frigorífico construído por seu pai.
No entanto, suas ambições no mundo dos grandes negócios vão bem além. Em um episódio recente, ele sobreviveu a um atentado sofrido em Campo Grande, quando seu carro foi alvejado a tiros na saída do aeroporto internacional da cidade — um sinal de que suas conexões e dívidas com empresários poderosos podem ter um alto custo.
Entre seus negócios fracassados, Zanatta conseguiu ressurgir das cinzas ao se aproximar da família Batista, tornando-se peça fundamental nos bastidores da JBS no Mato Grosso do Sul. Hoje, ele ocupa um cargo não oficial, mas de extrema influência, movimentando, segundo fontes, R$ 2 milhões mensais.

Com quase duas décadas de aprendizado no setor, Zanatta foi ganhando espaço dentro da multinacional, expandindo os interesses da empresa na região norte do MS. Posteriormente, foi transferido para São Paulo, onde passou a trabalhar diretamente no grupo Batista na sede da J&F. Em pouco tempo, tornou-se um dos homens mais bem remunerados da empresa e, então, não estava diretamente envolvido nos interesses da JBS em seu estado natal.
Mas isso mudaria drasticamente. A decisão dos irmãos Batista e da CPI da JBS em Mato Grosso do Sul alteraria sua trajetória. Zanatta se tornou peça fundamental para os interesses da JBS e suas empresas-irmãs no estado. Paralelamente, assumiu a presidência da Ambar Energia, empresa envolvida no recente escândalo da compra de energia da Eletrobras no Amazonas. A aquisição, facilitada por uma medida assinada pelo presidente Michel Temer e suspensa por decisão do TRF-1, já é uma ação patrocinada pelo seu novo escritório em São Paulo, que tem costas quentes no clã dos irmãos Batista.
Com sua habilidade estratégica, Zanatta encontrou meios legais e ilegais para driblar dificuldades jurídicas da JBS e facilitar novos negócios. Os indícios de desembolsos milionários para autoridades e juízes são cada vez mais republicanos.
Os documentos revelam que Zanatta é investigado na Operação “Última Rotação” e passou a receber pagamentos milionários da JBS logo depois de assumir a gestão da empresa no estado. Com seu escritório próprio em São Paulo, ele mantém ligações com advogados influentes e tem ligações com instâncias que, sem dúvida, continuarão sendo investigadas.
Entre os relatos mais intrigantes, estão decisões judiciais que impediram o reconhecimento de dívidas empresariais que surgiram após a aquisição da JBS. Além disso, há indícios de favorecimento na liberação de processos envolvendo o Eldorado e a Seara.
Uma avançada primeira parte de um virá nas próximas edições. A história da “compra” de decisões e seus bastidores ainda tem muitas páginas a serem reveladas.
com informações de Revista Boca do Povo