Voto impresso expõe racha nos partidos que articulam candidatura alternativa para 2022 e controle do Centrão sobre o futuro de Bolsonaro
O resultado da votação da PEC do Voto Impresso expôs o racha interno em siglas como PSDB, DEM, MDB e PSD, que articulam uma candidatura alternativa a Lula e Jair Bolsonaro.
Na bancada tucana, 14 votaram a favor, 12 foram contra, 1 se absteve e 5 se ausentaram. Entre os democratas, 8 votaram com o governo, 13 foram contra e 7 se ausentaram.
No PSD de Kassab, foram 20 votos a favor, 11 contra e 4 ausentes. Na bancada emedebista, 15 apoiaram a PEC, 10 se opuseram e 8 nem apareceram.
A cooptação de parte das bancadas pelo bolsonarismo frustrou os eleitores do Novo (5 sim e 8 não) e do Podemos (6 sim, 2 não e 2 ausentes) — o que deve prejudicar as conversas com o ex-juiz Sergio Moro, cortejado para disputar o Senado.
O placar apertado também mostra que o impeachment de Bolsonaro se tornou uma possibilidade ainda mais remota. Afinal, os votos contrários foram apenas 218, bem longe dos 342 votos necessários para um processo de cassação.
Líderes partidários admitiram a O Antagonista que, apesar do barulho da militância e da fumaça dos tanques, não houve por parte do governo nenhum gesto a mais para garantir a vitória do voto impresso — a promessa inicial de liberação de mais cargos e verbas não foi adiante.
Ou seja, se quisesse, o Palácio do Planalto poderia até converter parte dos 218 votos contrários e ainda garantir os 64 ausentes. A chave do cofre hoje está nas mãos do Centrão, que também controla a Câmara e, por consequência, o futuro político de Bolsonaro.