O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, rejeitou nesta segunda-feira (22) que o país comunista pratique genocídio contra a população muçulmana de uigures que vivem em Xinjiang.
Segundo o chanceler as informações são “ataques caluniosos” sobre as condições dos muçulmanos.
As declarações foram feitas hoje durante a 46ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), que acontece de forma virtual.
Países europeus e a Turquia declararam ter preocupações e pediram o acesso da ONU à remota região ocidental.
Xinjiang, é, em tese, um território autônomo no noroeste da China.
A administração do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já vinha há tempos denunciando os abusos do Partido Comunista Chinês (PCCh) contra as minorias no país.
Ativistas e especialistas em direitos da ONU disseram que pelo menos 1 milhão de muçulmanos estão detidos em campos em Xinjiang.
O governo da China, no entanto, nega os abusos e diz que seus campos oferecem treinamento vocacional e que servem para combater o extremismo.
De acordo com a Agência Reuters, o ministro das Relações Exteriores da China, esclareceu hoje que seu país estava tomando medidas contra o terrorismo de acordo com a lei e que Xinjiang necessitava de “estabilidade social e desenvolvimento sólido” após quatro anos sem nenhum “caso de terrorismo”.
Segundo Wang Yi, existem 24 mil mesquitas em Xinjiang e que na região pessoas de todos os grupos étnicos têm direitos trabalhistas.
“Esses fatos básicos mostram que nunca houve o chamado genocídio, trabalho forçado ou opressão religiosa em Xinjiang”, disse.
“As acusações inflamadas são fabricadas por ignorância e preconceito, são simplesmente maliciosas e exagero político e não poderiam estar mais longe da verdade.”
Ainda segundo a Reuters, o governo Biden endossou uma das últimas determinações de Trump no governo, dizendo que a China cometeu genocídio em Xinjiang e que os EUA devem estar preparados para impor custos à China.
Durante o fórum da ONU, ministros de outros países também se manifestaram contra as ações do PCCh, como o secretário de Relações Exteriores britânico, Dominic Raab, que denunciou tortura, trabalho forçado e esterilizações que, segundo ele, estavam ocorrendo contra uigures em “escala industrial” em Xinjiang.
Heiko Maas, ministro das Relações Exteriores da Alemanha, disse que “a detenção arbitrária de minorias étnicas como os uigures em Xinjiang ou a repressão da China às liberdades civis em Hong Kong” requer atenção.
Já o ministro Mevlut Cavusoglu, da Turquia, disse esperar transparência da China sobre o assunto e pediu a proteção dos direitos dos uigures e de outros muçulmanos em Xinjiang.
Wang, por sua vez, convidou uma equipe da ONU para visitar a região, mas não deu um cronograma.
“A porta para Xinjiang está sempre aberta. Pessoas de muitos países que visitaram Xinjiang aprenderam os fatos e a verdade no local. A China também dá as boas-vindas ao Alto Comissariado para os Direitos Humanos em visita a Xinjiang”, disse ele, referindo-se à chefe dos direitos da ONU, Michelle Bachelet, cujo escritório vem negociando os termos de acesso ao país.