Moradores reclamam do cheiro insuportável em unidade da JBS sem licença: ‘Visita nem quer vir ver a gente’

Conforme o MPMS, a unidade de couros da JBS firmou um TAC para que a empresa se adequasse às normas ambientais

Apenas 7,8 km separam duas unidades da JBS, no bairro Nova Campo Grande e no Núcleo Industrial. Contudo, elas têm um ponto em comum: o mau cheio que afeta negativamente a vida de moradores da região há anos.

Fernanda Cristina morou no Indubrasil quando criança e retornou há quase três meses para cuidar de um imóvel herdado pelo irmão. A filha dela teve uma surpresa desagradável.

“Eu não me incomodo tanto porque morei aqui quando era criança, então já sabia como era essa questão do mau cheiro, mas minha filha reclama do fedor. Ela diz pra gente se mudar. Também é ruim para receber visitas, porque não estão acostumados e reclamam mais”, relata ao Jornal Midiamax.

Lago no curtume (Ana Laura Menegat, Jornal Midiamax)

Fernanda não é a única que retornou para região depois de um tempo fora. A aposentada Eronildes Pereira Rodrigues, de 68, morou na região onde fica uma das unidades da JBS por 11 anos e ficou por nove anos em outra cidade. Quando voltou para Campo Grande, escolheu voltar para a mesma região.

“Aqui é um bom lugar tirando essa questão do mau cheiro, mas não é sempre que incomoda. Tem vezes que até acho bom porque lembra cheiro de mocotó e sinto até vontade de comer. O cheiro amenizou

bastante”, afirma à reportagem.

Por outro lado, Marco Acosta, de 59 anos, mora há 20 no local da unidade onde fica o Frigorífico e diz que mesmo com o passar dos anos o odor ainda incomoda. “Fim de semana e nas segundas-feiras é insuportável o cheiro. Visita nem quer vir ver a gente aqui porque não aguenta o mau cheiro”, reclama.

 

Carolina Santos, de 23 anos, cresceu na região, mas afirma que nos últimos 2 meses, o mau cheiro foi amenizado. “Melhorou, mas no fim da tarde fica mais forte. A gente não tem o que fazer. Ainda que aqui é menos. Tem região que dizem que é muito pior”, diz ao Jornal Midiamax.

Unidade de couro da JBS (Ana Laura Menegat, Jornal Midiamax)

Alvo do MPMS

A 34ª Promotoria de Justiça de Campo Grande acompanha a situação. O objetivo é que o frigorífico faça intervenções e ações de controle “para a eliminação do perigo ou redução, a níveis toleráveis, dos riscos identificados na etapa de diagnóstico, bem como o monitoramento da eficácia das ações executadas”, consta no TAC.

 

O Jornal Midiamax publicou nesta terça-feira (7), conforme informações de documentos do MPMS, que a unidade de couros foi flagrada funcionando sem licença de operação. Então, firmou-se um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) – celebrado para a empresa se adequar às normas ambientais.

 

Para esta infração constatada, ficou estipulado que a JBS deve doar R$ 70 mil para o Fundo Municipal de Meio Ambiente de Campo Grande.

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