O dólar tem sido a moeda de reserva do mundo desde a Segunda Guerra Mundial, mas uma combinação de razões políticas e econômicas está lentamente diminuindo sua supremacia, relembra o jornal Markets Insider.
Quase 60% das reservas internacionais são mantidas em ativos denominados em dólares, de acordo com o Fundo Monetário Internacional. O dólar também é a moeda mais utilizada para o comércio.
Agora, as sanções lideradas pelo Ocidente contra a Rússia estão deixando outros países desconfiados das consequências potenciais de irritar Washington. Alguns, como Brasil, Argentina, Bangladesh e Índia, estão alinhando moedas e ativos de backup – como o yuan chinês e o bitcoin – para comércio e pagamentos.
Aqui estão três outras razões pelas quais os países ao redor do mundo estão tentando alinhar planos para possivelmente se afastar de um mundo dominado pelo dólar.
Política monetária dos EUA tem demasiada influência sobre o resto do mundo
Os EUA são o emissor da moeda de reserva mundial, que também é a moeda dominante no comércio internacional e nos sistemas de pagamentos.
Consequentemente, ela tem um controle exagerado sobre a economia mundial e muitas vezes é superavaliada, informou o think tank Wilson Center em maio.
Isso também significa que os países ao redor do mundo têm que seguir de perto as políticas econômicas e monetárias dos EUA para evitar um impacto indireto em suas economias.
Alguns países, incluindo a Índia, disseram que estão fartos das políticas monetárias dos EUA que os mantêm reféns – chegando ao ponto de dizer que os EUA têm sido um emissor irresponsável das moedas de reserva do mundo.
Um grupo de trabalho do Banco de Reserva da Índia está agora pressionando para se usar a rupia indiana no comércio – uma posição que está de acordo com a visão do primeiro-ministro indiano Narendra Modi para a moeda.
Dólar forte está ficar demasiado caro para países emergentes
O dólar ganhando força contra a maioria das moedas em todo o mundo está tornando as importações muito mais caras para os países emergentes.
Por exemplo, na Argentina a pressão política e o declínio das exportações contribuíram para uma queda nas reservas em dólares americanos e pressionaram o peso argentino que, por sua vez, alimentou a inflação.
Isso estimulou a Argentina a começar a pagar pelas importações chinesas usando yuan em vez de dólar.
“Um dólar dos EUA mais forte enfraqueceria seu papel como moeda de reserva. Se o acesso ao dólar se tornar mais caro, os mutuários procurarão alternativas“, escreveram economistas da Allianz, uma empresa internacional de serviços financeiros, em um relatório.
Ao mesmo tempo, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, tem sido um dos defensores mais expressivos da criação de moedas alternativas para transações comerciais, chegando a instar que o Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul se afastem do dólar americano.
Comércio global e demanda por petróleo estão diversificando – colocando petrodólar em risco
Uma das principais razões pelas quais o dólar americano se tornou a moeda de reserva do mundo é que os países do Golfo no Oriente Médio usaram o dólar para negociar petróleo – porque já era uma moeda comercial amplamente utilizada no momento em que negociavam petróleo.
Mas então os EUA tornaram-se independentes em termos de energia e exportadores líquidos de petróleo com o aumento da indústria de petróleo de xisto.
“A mudança estrutural no mercado de petróleo provocada pela revolução do petróleo de xisto pode paradoxalmente prejudicar o papel do dólar como moeda da reserva global, uma vez que os exportadores de petróleo, que desempenham um papel crucial no status do dólar dos EUA, precisariam reorientar-se para outros países e suas moedas”, informaram economistas da Allianz.
“A mudança estrutural no mercado de petróleo provocada pela revolução do petróleo de xisto pode paradoxalmente prejudicar o papel do dólar como moeda da reserva global, uma vez que os exportadores de petróleo, que desempenham um papel crucial no status do dólar dos EUA, precisariam reorientar-se para outros países e suas moedas”, informaram economistas da Allianz.