Ainda que o nome de Simone Tebet (MDB) seja apresentado para a terceira via no dia 18 do próximo mês, a sigla da senadora só vai decidir sobre apoio à candidatura própria ou ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em agosto, na convenção nacional, afirmaram Renan Calheiros e Eunício Oliveira, caciques do MDB, na madrugada desta terça-feira, 12.
Sob reserva, outros nomes da legenda disseram que o calendário eleitoral precisa ser respeitado, posicionamentos que vão ao encontro da espera por agosto para anúncio do caminho que tomará o MDB.
As falas ocorreram no início desta madrugada, após o jantar que recebeu Lula e cerca de 35 pessoas, a maioria parlamentares, na residência do ex-presidente do Senado e Congresso Nacional Eunício Oliveira, em Brasília. Nomes do PP, PL, PT, PDT, PSB participaram do encontro, apurou Oeste.
No encontro, disseram senadores que participaram do jantar, não houve deliberação sobre apoio claro a Lula neste semestre, e sim a tentativa de afunilar uma frente democrática para impulsionar a briga pelo comando do Palácio do Planalto a partir do próximo ano
Renan Calheiros fala em competitividade para receber apoio
Renan Calheiros afirmou que quase metade da bancada do MBD no Senado, de um total de 12, participou. “O MDB tudo que quer é ter um candidato com competitividade. Com condições de disputar a eleição. Se houver uma mexida na fotografia das pesquisas, ótimo. Se não houver essa mudança e tivermos que continuar amargando 1 ponto nas pesquisas, sem perspectiva alguma de vitória, isso vai atrapalhar o MDB nos Estados.”
O senador propõe que, na convenção partidária, caso o cenário atual persista, o partido não tenha candidatura e libere os Estados para fazer alianças que a circunstância exigir. “Temos três alternativas na convenção: candidatura própria, candidatura com algum partido e o MDB não ter candidato. Na eleição do presidente Lula, já tivemos a circunstância de o MDB não ter candidato e vencemos, contra, na época, a direção partidária. Contra [Jair] Bolsonaro [PL], claro, pode se repetir.”
Também, para o parlamentar, não há espaço para o crescimento de nenhuma candidatura fora da polarização eleitoral, “porque o cenário da eleição presidencial está congelado desde junho de 2021.” “Na terceira via, só resta um tirar ponto do outro concorrente. O cenário é o mesmo de 2018. Não há como a terceira via crescer sem o Lula cair ou o Bolsonaro cair. É uma questão de política, bom senso. Não dá para brincar de ter candidato a presidente.”
Sobre os próximos passos, Renan Calheiros disse que quem vai decidir não é o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, ou senadores, e sim a convenção partidária. “Ninguém vai substituir a convenção partidária.” Último a falar com a imprensa, Eunício Oliveira questionou “quem era o União Brasil” e que “a sigla é uma composição nascida de deputados bolsonaristas”, em um sinal de não apoio à aliança entre PSDB, Cidadania, MDB e União Brasil.
“A terceira via já tem quatro candidatos, que, somados, não chegam a 3% juntos. Já inventamos no MDB uma candidatura que não era viável, como a do [Henrique] Meirelles e terminamos perdendo a metade da bancada na Câmara dos Deputados. O presidente Lula disse que não quer ser candidato do PT. Que será o candidato natural do 13, mas que não quer ser o candidato de um único partido. Que quer fazer uma frente ampla.” Eunício Oliveira reiterou as palavras de Renan Calheiros sobre apoio ou não da sigla a Simone Tebet.
Líder do MDB na Câmara dos Deputados, Isnaldo Bulhões disse que o maior objetivo do encontro foi “o presidente Lula expressar a necessidade de uma grande união de centro-esquerda de enfrentamento ao presidente Bolsonaro. Acho que Lula está correto nesse convencimento. Um encontro suprapartidário.”
O líder se posiciona pela legitimidade da candidatura de Simone Tebet. “Simone está lutando para viabilizar, para abrir qualquer outra discussão com o partido. Temos que respeitar a pré-candidatura da Simone. A tentativa dela de construção. Concordo com várias frentes do partido, que nasceu de frentes que pensam diferente. Há outras alternativas. Uma é decidir o caminho do partido em uma coligação no primeiro turno, se a Simone não for candidata. Outra é de não ter candidato.”
Quanto a Simone Tebet encabeçar a chapa da terceira via, Isnaldo Bulhões ponderou não saber se de fato a senadora vai encabeçar a chapa ou se será viável uma coligação em nível nacional entre PSDB, Cidadania, MDB e União Brasil.