Editorial do Global Times é publicado no mesmo dia em que relatório do Partido Republicano dos EUA aponta que COVID-19 vazou do laboratório de Wuhan, na China, em setembro de 2019.
O jornal estatal chinês Global Times acusou, em editorial publicado nesta segunda-feira (2), os EUA de serem os “grandes responsáveis” pela propagação do novo coronavírus, depois que um relatório do Congresso norte-americano culpou a China pela disseminação do vírus.
“Deve-se ressaltar que os EUA são grandes responsáveis pela disseminação global da pandemia [do SARS-CoV-2]. Todo aspecto do que os EUA fizeram em termos de prevenção epidêmica é decepcionante. A administração anterior [do republicano Donald Trump] se comportou como um vilão fútil, enquanto a atual só joga com hipocrisia e palavras vãs. Para colocá-lo com mais precisão, [Washington] cometeu quatro pecados e merece ser repreendido”, lê-se no editorial.
Entre os quatro pecados estão: ser “o maior disseminador da pandemia” por ter o maior número de casos e mortes decorrentes da COVID-19 no mundo; contribuir “pouco para a luta global contra o vírus“; o sistema democrático do país fez com que os EUA muitas vezes ignorassem a ciência, batalhando contra o vírus de forma “caótica”; e, finalmente, fizeram da China um “bode expiatório”.
© REUTERS / THOMAS PETERPessoal de segurança vigia fora do Instituto de Virologia de Wuhan durante visita de equipe da Organização Mundial da Saúde (OMS) encarregada de investigar as origens da doença do novo coronavírus (COVID-19) em Wuhan, província de Hubei, China, 3 de fevereiro de 2021
O Global Times critica particularmente os EUA por culpar a China pela disseminação da COVID-19, argumentando que a politização das origens do vírus “minou a solidariedade mundial contra a pandemia” e interferiu constantemente na luta contra o novo coronavírus.
No mesmo dia em que o editorial do Global Times foi publicado, foi divulgado que os republicanos do Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos EUA produziram um relatório que afirma que há evidências preponderantes de que o SARS-CoV-2 escapou do Instituto de Virologia de Wuhan, na China, em setembro de 2019.
O relatório também citou “ampla evidência” de que os cientistas do Instituto de Virologia de Wuhan, auxiliados por especialistas dos EUA e fundos do governo chinês e dos EUA, estavam trabalhando para modificar o novo coronavírus para infectar humanos e tal manipulação poderia ser escondida”, diz a mídia.
A China nega que um coronavírus geneticamente modificado tenha vazado das instalações do Instituto de Virologia de Wuhan. Pequim também nega as acusações de encobrimento.