O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes disse em entrevista publicada neste domingo, 26, pelo jornal Correio Braziliense que a Lava Jato “era um projeto político de viés totalitário”. O magistrado é um crítico da maior operação de combate à corrupção no Brasil.
De acordo com Mendes, o período da Lava Jato foi o pior enfrentado por ele nos últimos 20 anos — o ministro chegou à Corte em junho de 2002, depois de indicação do então presidente da República Fernando Henrique Cardoso.
“Vieram as revelações da Vaza-Jato, um jogo combinado: denúncias que eram submetidas antes ao juiz. Aquilo saiu do status de maior operação de combate à corrupção para o maior escândalo judicial do mundo”, disse Mendes. “Mais do que um projeto político, a Lava-Jato era um projeto político de viés totalitário: uso de prisão para obter delação e cobrança para que determinadas pessoas fossem delatadas.”
O magistrado disse ainda que as normas impostas pela Lava Jato proibiam liminares ou pedidos de soltura de acusados em prisão provisória. Ele comparou o movimento jurídico com o Ato Institucional (AI-5), editado durante o regime militar.
“Tinha normas que praticamente proibiam o habeas corpus. Normas tão radicais quanto a do AI-5. Proibição de liminares e coisas do tipo. A Lava Jato era um projeto que ia para além das atividades meramente judiciais. E (os integrantes) passaram, também, a acumular recursos”, afirmou.
Gilmar Mendes está com covid-19
O ministro do STF está infectado pela covid-19, informou o jornal Estado de S. Paulo, neste domingo, 26. Mendes teve o resultado positivo detectado em exame de rotina antes de participar de um evento na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, em Portugal. Com 66 anos, o ministro está com sintomas leves e não precisou ser hospitalizado.