Japão poderia defender Taiwan se Pequim tomar medidas, diz ex-oficial de Segurança dos EUA

Tóquio se apresentaria militarmente para defender Taiwan caso Pequim se movesse para tomar a ilha pela força, disse o ex-vice-assessor de Segurança Nacional dos EUA, Matt Pottinger.

Tais declarações foram ouvidas em um painel de discussão na terça-feira (1º) com outros altos funcionários do antigo governo de Trump (2017-2021), informa o jornal South China Morning Post.

Pottinger, considerado um dos principais arquitetos das políticas de linha dura do governo de Trump na China, disse que o Japão sugeriu pela primeira vez uma aliança quadrilateral com os EUA, Índia e Austrália, agora conhecida como Quad, como estratégia de defesa contra a China. De igual modo, também rejeitou as afirmações de que o antigo governo estreitou os laços com o Japão e outros aliados na região.

“Alguns dos principais pilares de nossa estratégia na região no Indo-Pacífico foram ideias que pegamos emprestadas do Japão, [posteriormente] adaptadas, compartilhadas e colaboradas com o mesmo”, disse Pottinger, citado pela mídia.

O ex-oficial acrescentou que “há um ditado nas Forças Armadas japonesas: ‘a defesa de Taiwan é a defesa do Japão’. E eu acho que o Japão agirá de acordo com isso”.

Os comentários do ex-vice-assessor de Segurança Nacional dos EUA na reunião on-line, organizada pela Fundação Nixon na Califórnia, EUA, chegam em meio a uma série de manobras de aviões de guerra chineses na zona de identificação de defesa aérea do sudoeste de Taiwan.

Emissários de Biden chegam a Taipé, Taiwan, 14 de abril de 2021

© REUTERS / AGÊNCIA DE NOTÍCIAS CENTRALEmissários de Biden chegam a Taipé, Taiwan, 14 de abril de 2021

Nessa reunião virtual, o presidente dos EUA, Joe Biden, o primeiro-ministro japonês Yoshihide Suga, o primeiro-ministro indiano Narendra Modi, e o primeiro-ministro australiano Scott Morrison, discutiram ações de “agressão” e “coerção” contra membros do grupo conduzidas pela China, e emitiram um comunicado apelando à região para se “ancorar aos valores democráticos” e que a liberdade de navegação e sobrevoo sejam objetivos principais.

ex-secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, e o ex-conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Robert O’Brien, mostraram apoio ao jeito de como a administração Biden está lidando com a situação no Indo-Pacífico.

“As sondagens iniciais da administração Biden são muito positivas quando se trata do Quad e do fortalecimento das relações [com os membros do grupo] […]. Espero que continue assim e desejo-lhe sorte nessa frente, pois é um grupo muito poderoso”, declarou O’Brien, citado pelo jornal South China Morning Post.

Em defesa da política externa da administração Trump, Pottinger criticou, de maneira genérica, a mídia por perpetuar um “mito de que de alguma forma a administração Trump havia prejudicado gravemente nossas alianças na região Indo-Pacífico”.

Primeiro Ministro japonês (direita), Yoshihide Suga, e o comandante do Comando Indo-Pacífico das Forças Armadas dos EUA (esquerda), Philip Davidson, posam em frente das bandeiras de seus países

© AP PHOTO / EUGENE HOSHIKOPrimeiro Ministro japonês (direita), Yoshihide Suga, e o comandante do Comando Indo-Pacífico das Forças Armadas dos EUA (esquerda), Philip Davidson, posam em frente das bandeiras de seus países

No entanto, é importante lembrar que em 2019, Trump insistiu que a Coreia do Sul e o Japão quadruplicassem seus pagamentos por destacamentos militares dos EUA em seus países para cerca de US$ 5 bilhões (cerca de R$ 25,2 bilhões) e US$ 8 bilhões (aproximadamente R$ 40,3 bilhões), respectivamente.

A repercussão das demandas tornou-se evidente quando uma delegação dos EUA em Seul interrompeu as conversações sobre divisão dos custos depois que o governo sul-coreano se recusou a aceitar as demandas de Trump.

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