Irmão de Luis Miranda diz à PF que trocou de celular e não tem conversas sobre pressão por Covaxin

Um dos pivôs do chamado “caso Covaxin”, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, irmão do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), afirmou em depoimento à Polícia Federal (PF) que não guardou o back-up com as supostas conversas que mostrariam que ele foi pressionado por superiores para facilitar a compra da vacina indiana Covaxin, contra a covid-19. As informações são da colunista Bela Megale, do jornal O Globo.

Em seu depoimento à PF, o servidor da Saúde teria dito que fez os prints (fotos digitais) das mensagens e encaminhou o material ao irmão deputado — os prints também não foram apresentados aos policiais. Luis Ricardo afirmou que trocou o celular, o que surpreendeu os investigadores.

Durante a oitiva, o servidor também disse que não gravou a conversa com o presidente Jair Bolsonaro a respeito das suspeitas de irregularidades nas negociações para a aquisição da Covaxin pelo Ministério da Saúde.

Em contato com a reportagem de O Globo, o deputado Luis Miranda confirmou o teor do depoimento do irmão: “Perguntaram na PF se ele [Luis Ricardo] tinha o back-up das conversas e meu irmão informou que não tinha. Ele troca de aparelho há anos e nunca fez esse procedimento. Ele já tinha feito os prints das conversas e enviou todo material para mim. Se a PF me pedir, entrego tudo”.

O depoimento do parlamentar à PF é aguardado para as próximas semanas.

Relembre o caso

Luis Miranda afirmou que alertou Jair Bolsonaro sobre indícios de irregularidades. Luis Ricardo Miranda também relatou ter sofrido pressão atípica de superiores para acelerar a importação do imunizante.

Miranda esteve com Bolsonaro pelo menos em duas ocasiões, nos dias 29 e 30 de janeiro deste ano. O encontro do dia 29 foi, inclusive, registrado no perfil do deputado no Instagram. No dia seguinte, o parlamentar acompanhou o presidente em um passeio de moto em Brasília.

O irmão do deputado do DEM chegou a ser exonerado do Ministério da Saúde — o que teria contrariado Miranda. Alguns dias depois, entretanto, foi readmitido pelo governo.

Em depoimento à CPI, Miranda disse ainda que Bolsonaro teria citado o nome do deputado Ricardo Barros como envolvido em um “rolo” no Ministério da Saúde. O parlamentar nega.

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