Altos funcionários dos EUA e de Israel gastaram décadas declarando que o Irã estaria próximo de alcançar a capacidade fabricar de armas nucleares. Agora, o país estaria a apenas um “mês” ou “semanas” do objetivo.
O Irã vai ter urânio altamente enriquecido suficiente para construir uma arma nuclear em apenas um mês, segundo relatório do Instituto para Ciência e Segurança Internacional (ISIS, na sigla em inglês), um think tank baseado em Washington.
“A estimativa mais desfavorável, que é definida como o tempo necessário para produzir o WGU [urânio militar] suficiente para uma arma nuclear, é de apenas um mês. O Irã poderia produzir uma segunda quantidade significativa de WGU em menos de três meses […] Ele poderia produzir uma terceira quantidade em menos de cinco meses, onde seria preciso produzir parte do WGU a partir de urânio natural”, alertou o relatório.
O documento aponta para uma recente estimativa da Agência de Energia Atômica Internacional, que indica que o Irã produziu 10 quilos de “urânio enriquecido a 60%, uma quantidade significativa” para construir um explosivo nuclear, segundo o ISIS.
Os especialistas consideram o urânio com taxa de enriquecimento de aproximadamente 90% adequado para construção de armas nucleares.
A bomba nuclear lançada pelos EUA em Hiroshima em 1945 tinha um nível de enriquecimento de 80%.
O ISIS sugere que as atividades de enriquecimento do Irã e a produção de urânio enriquecido a 60%, ou urânio altamente enriquecido, é “um passo-chave no tradicional processo faseado de elevação do urânio a 90% “.
“O urânio enriquecido a 60% pode ser usado diretamente em armas nucleares, onde a quantidade necessária é de aproximadamente 40 quilos, comparado aos 25 quilos de 90% de material enriquecido necessário. O acúmulo iraniano de urânio enriquecido a 60% permanece sendo um passo altamente provocativo e perigoso”, relata.
O think tank admite que não há evidências de que o Irã está deliberadamente buscando armas nucleares, indicando que o país só trabalharia para produzir urânio enriquecido a 90% “caso os líderes do país tenham pedido a produção ou construção de armas nucleares”.
O Reino Unido, a Alemanha, a China, a Rússia, os EUA, a França e o Irã assinaram em 2015 o JCPOA, que garantia o cancelamento das sanções em troca da limitação do programa nuclear do Irã.
No entanto, sob a então presidência de Donald Trump (2017-2021) os EUA saíram do acordo em 2018 e impuseram sanções ao país persa, levando o Irã a começar a contornar gradualmente os termos do acordo em 2019. Apesar de Joe Biden assumir a presidência dos EUA em janeiro de 2021 e retirar algumas sanções, ele também impôs novas restrições às transações com Teerã, sem mudar significativamente a situação.