O governo britânico deve se focar em suas próprias “responsabilidades e deveres” em vez de fazer “declarações irresponsáveis”, tais como acusar Teerã do ataque ao petroleiro do operador israelense, disse o porta-voz do MRE iraniano.
Nesta segunda-feira (9), durante o briefing semanal, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Saeed Khatibzadeh, disse que Londres tem fazendo uma “cadeia” de tais declarações nos últimos anos.
Ele avisou o Reino Unido que Teerã monitora a segurança no golfo Pérsico com muita seriedade:
“A segurança no golfo Pérsico é uma linha vermelha para o Irã, e nós temos feito o melhor possível para proteger esta via navegável das inseguranças de países como o Reino Unido”, disse o porta-voz.
Khatibzadeh também afirmou que o Irã vê sinais do “terrorismo de Estado de Israel” no mar Vermelho e em outras vias navegáveis, adicionando que, enquanto Washington e Londres permanecem silenciosos sobre o alegado comportamento do Estado israelense, o Irã não fará o mesmo.
Em 30 de julho, o petroleiro Mercer Street foi atacado por um drone equipado com um explosivo militar, que matou dois tripulantes: o comandante do navio, um cidadão romeno, e um segurança britânico.
Israel, Reino Unido, Libéria e Romênia, em duas cartas separadas ao Conselho de Segurança da ONU, disseram acreditar que o Irã foi o responsável pelo ataque. O Irã, por sua vez, disse que não recebeu nenhuma prova de seu envolvimento no ataque.
© REUTERS / RULA ROUHANAMercer Street, petroleiro de gerenciamento israelense, ao largo do porto de Fujairah, Emirados Árabes Unidos, 3 de agosto de 2021
Na ocasião, Teerã negou categoricamente ter algo a ver com o ataque ao Mercer Street no golfo de Omã, acrescentando que teve ao menos um de seus petroleiros atacado ligeiramente acima da linha d’água enquanto navegava no mar Vermelho em 2019.
Negociações de Viena não estão mortas
Adicionalmente, o porta-voz iraniano tocou no assunto da pausa nas negociações em Viena sobre o Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês). Ele confirmou que essas não estão mortas e vão continuar inevitavelmente.
Khatibzadeh relembrou que o novo presidente eleito Ebrahim Raisi tornou claro em um discurso recente que é um imperativo para Teerã cancelar as “sanções opressivas”. O porta-voz adicionou que o trabalho nesta área vai prosseguir quando todos os ministros do novo governo forem nomeados.
“É importantíssimo que nós nunca saímos destas negociações. Há um processo de transferência democrática de poder no Irã e, naturalmente, nesses processos há mudanças nas equipes do Executivo”, explicou.
Em junho de 2021, o Irã e os restantes signatários do JCPOA tentaram restaurar o acordo nuclear após a administração Trump ter saído unilateralmente do acordo em 2018. Washington participou das negociações indiretamente.
Os lados declararam ter feito progresso nas negociações, mas não conseguiram chegar a acordo em alguns pontos. Teerã, nomeadamente, demandou o cancelamento completo das sanções americanas, enquanto Washington exigiu que o Irã voltasse a pôr seu programa nuclear em conformidade com JCPOA.
As negociações terminaram quando a República Islâmica estava realizando a eleição presidencial no mesmo mês, que viu Ebrahim Raisi, antiocidental e linha-dura, ganhar a presidência.