“Indígenas querem integrar a sociedade, são nossos irmãos”, diz Bolsonaro

Em Campo Grande, presidente disse que “uma minoria tem ações não civilizadas”

O presidente Jair Bolsonaro, em seu discurso durante inaguração de residencial em Campo Grande nesta quinta-feira (30) defendeu a integração dos indígenas na sociedade e disse que são poucos os que têm “ações não civilizadas”.

Em Mato Grosso do Sul, confronto entre indígenas e a Polícia Militar, na região de Amambai, causou a morte de um indígena e deixou 11 feridos na última semana.

No discurso, Bolsonaro não citou especificamente o caso, mas afirmou que no Estado e em todo o Brasil, o que os indígenas pedem é progresso, principalmente com solicitações para instalação de rede de internet.

“Os indígenas são nossos irmãos, cada vez mais querem integrar a sociedade. É uma monoria que pensa diferente e parte para ações não civilizatórias”, disse.

Ainda conforme o presidente, há um projeto de lei para permitir que os indígenas possam fazer em suas terras “o que fazendeiro faz na dele”.

“Queremos unir o nosso povo, não há diferença entre nós e os indígenas, entre o branco e o preto, entre nordestinos e sulistas. Somos iguais, todos merecemos as mesmas oportunidades”, concluiu, sobre o assunto.

Ainda na questão de terras, Bolsonaro também criticou o Movimento Sem Terra (MST) e disse que o foco é entregar titulações para coibir invasões de propriedades.

“A última vez que estive aqui foi na região do assentamento Itamarati [em Ponta Porã]. Essas pessoas ganharam títulos, passaram a produzir mais como agricultores familiares”, disse.

“É isso que queremos para o Brasil, não queremos o MST como agia no passado”, acrescentou.

Conflito entre indígenas e produtores

Os indígenas da etnia guarani-kaiowá justificam o conflito de Amambai, região de fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, como uma retomada das terras que pertencem aos povos originários. 

Do outro lado, policiais alegam que foram acionados – na ação que resultou na morte do indígena Vitor Fernandes, 42 anos –, para “coibir uma invasão”.

A situação de conflito entre os fazendeiros e povos indígenas na região ocorre desde 2013, conforme divulgado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).

O caso mais recente entre os policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul e os indígenas começou na sexta-feira (24), e, além da morte de Vitor Fernandes, deixou pelo menos 10 feridos, sete indígenas e três policiais.

Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), na manhã do dia 24 de junho, fazendeiros da região e policiais militares “invadiram o território de Guapoy, em Amambai, no intuito de expulsar, por meio do uso da força, os indígenas – mesmo não havendo ordem judicial”.

Do outro lado, o titular da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Antônio Carlos Videira, salientou que as forças policiais estaduais foram ao local do confronto para coibir crimes perpetrados por indígenas que ingressaram na sede da Fazenda Borda da Mata e expulsaram os moradores da casa existente no local à força.

O Ministério Público Federal (MPF) divulgou no domingo (26) despacho do procurador da república, Marcelo José da Silva, determinando em caráter de urgência que sejam tomadas providências em relação ao conflito entre indígenas e forças policiais em Amambai.

Entre os pedidos, está a determinação para uma perícia antropológica na retomada do Tekoha Guapoy para verificar a “eventual violação de direitos no local ou que seja a ele correlata ou conexa”, haja vista que não houve expedição de nenhum mandado judicial para a ação policial.

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