EUA para Israel: se diplomacia nuclear com Irã falhar, estamos prontos para recorrer a outras opções

O presidente dos EUA e o primeiro-ministro de Israel realizaram nesta sexta-feira (27) a primeira reunião conjunta para redefinir as relações dos dois países e estreitar as diferenças sobre como lidar com os desenvolvimentos nucleares do Irã.

O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou nesta sexta-feira (27) ao primeiro-ministro israelense Naftali Bennett durante encontro na Casa Branca que estava colocando a “diplomacia em primeiro lugar” para tentar controlar o programa nuclear do Irã, mas se as negociações fracassarem, os EUA estão preparados para recorrer a outras opções não especificadas, reporta a agência Reuters.

A reunião, a primeira desde que Biden e Bennett assumiram seus respectivos cargos neste ano, foi eclipsada pelo ataque terrorista de quinta-feira (27) fora do aeroporto de Cabul, que matou pelo menos 170 pessoas, incluindo 13 militares dos EUA, confrontando Biden com a pior crise de sua ainda breve presidência.

“A missão lá [no Afeganistão] […] é perigosa e agora ocorre essa perda significativa de pessoal norte-americano, mas é uma missão que vale a pena”, disse o presidente norte-americano a repórteres após conversa individual com Bennett.

Biden disse que ele e Bennett discutiram “a ameaça do Irã e nosso compromisso de garantir que o Irã nunca desenvolva uma arma nuclear“.

Série de centrífugas iranianas de nova geração são vistas em exibição durante o Dia Nacional da Energia Nuclear do Irã, em Teerã, Irã, 10 de abril de 2021.

© REUTERS / GABINETE DO PRESIDENTE DO IRÃSérie de centrífugas iranianas de nova geração são vistas em exibição durante o Dia Nacional da Energia Nuclear do Irã, em Teerã, Irã, 10 de abril de 2021

O presidente norte-americano acrescentou: “Estamos colocando a diplomacia em primeiro lugar e veremos aonde isso nos leva. Mas se a diplomacia falhar, estamos prontos para recorrer a outras opções”, mas não ofereceu detalhes.

As negociações entre os EUA e o Irã estão paralisadas enquanto Washington aguarda o próximo movimento do novo presidente linha-dura do Irã, Ebrahim Raisi.

“Fiquei feliz em ouvir suas palavras claras de que o Irã nunca será capaz de adquirir uma arma nuclear […]. Você enfatizou que tentará a via diplomática, mas há outras opções se isso não der certo”, comentou Bennett para Biden, também sem especificar as possibilidades.

Bennett disse aos repórteres na Casa Branca que Israel desenvolveu uma “estratégia abrangente” para manter o Irã longe da bomba nuclear e interromper sua “agressão regional”.

Aludindo às ameaças de Israel de ação militar e aos bilhões de dólares em ajuda militar dos EUA que recebe, Bennett disse: “Nunca iremos terceirizar nossa segurança. É nossa responsabilidade cuidar de nosso destino, mas agradecemos pelas ferramentas […] que você tem nos oferecido”.

Conflito com Palestina

No conflito israelense-palestino, Biden e Bennett permanecem distantes. Biden renovou o apoio a uma solução de dois Estados depois que o ex-presidente norte-americano Donald Trump (2017-2021) se distanciou desse antigo princípio da política dos EUA. Bennett se opõe à criação de um Estado palestino.

Bandeira palestina voa em meio às ruínas de casas, destruídas por ataques aéreos israelenses durante conflito israelo-palestino na Faixa de Gaza, 25 de maio de 2021

© REUTERS / MOHAMMED SALEMBandeira palestina voa em meio às ruínas de casas, destruídas por ataques aéreos israelenses durante conflito israelo-palestino na Faixa de Gaza, 25 de maio de 2021

Biden fez uma breve referência ao assunto, dizendo que queria discutir “maneiras de promover a paz, a segurança e a prosperidade para israelenses e palestinos“. Bennett não mencionou os palestinos em seus comentários.

O consenso entre os assessores de Biden é que agora não é o momento de pressionar por uma retomada das negociações de paz há muito adormecidas ou de tentar forçar grandes concessões israelenses, que poderiam desestabilizar a coalizão ideologicamente diversa de Bennett, reporta a mídia.

A administração dos EUA já enfatizou que se opõe a uma maior expansão dos assentamentos judeus em terras ocupadas. Bennett, filho de imigrantes norte-americanos em Israel, é um defensor veemente da construção de assentamentos.

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