O Iraque pode perder acesso às suas contas em dólares se insistir na retirada das tropas dos EUA de seu território. Após aprovação da lei que permite a Bagdá solicitar a retirada de forças estrangeiras, Donald Trump ameaçou responder com sanções.
A parlamentar iraquiana Majida al-Tamimi, membro do Comitê de Finanças do parlamento, disse que, caso o Iraque insista na retirada das tropas, pode perder o acesso aos seus recursos depositados em contas no banco central dos EUA.
Além disso, a parlamentar aponta que os EUA poderão exercer pressão sobre certas empresas para que interrompam suas atividades na indústria petrolífera do Iraque. O país árabe é o segundo maior produtor mundial da OPEP.
© AP PHOTO / NABIL AL-JURANITrabalhador iraquiano no campo de petróleo Nihran Bin Omar, ao sul de Bagdá (foto de arquivo)
O Departamento de Estado já teria alertado o governo iraquiano sobre a possibilidade de bloquear seu acesso aos recursos depositados em contas nos EUA, conforme reportou a Bloomberg.
No dia 5 de janeiro, o parlamento iraquiano aprovou uma lei que autoriza o governo a pedir a retirada de forças estrangeiras do país. A medida, interpretada por muitos como dirigida aos EUA, levou Donald Trump a ameaçar Bagdá com sanções:
“Se eles nos pedirem para sair, e se isso não for feito de uma maneira muito amigável, iremos impor as sanções mais duras que eles já viram, que farão as sanções contra o Irã parecerem brandas”, ameaçou o presidente dos EUA.
Desde então, os EUA não responderam aos pedidos de Bagdá para negociar um eventual processo de retirada das tropas.
O efeito imediato do bloqueio das contas do Iraque em dólares seria uma forte desvalorização da moeda iraquiana, o dinar.
Eventualmente, o governo do Iraque teria que converter as suas transações comerciais para euros, o que demandaria longas negociações com bancos europeus, informou Tamimi.
O Iraque foi alvo de um duro embargo financeiro e comercial entre 1990 e 2003, quando os EUA depuseram Saddam Hussein.
As sanções, impostas pelo Conselho de Segurança da ONU, geraram uma das mais sérias crises humanitárias da década de noventa, e incluíram a criação de programas emergenciais como o “petróleo por alimentos”.