Entenda por que os mais de 1,5 mil postos de gasolina do PCC não são assaltados

Chefões do PCC colocam, nos seus postos, balões coloridos (dos usados em festas infantis) pendurados na fachada do estabelecimento para inibir roubos e fiscalizações

Diz-se que o realismo fantástico não pegou no Brasil porque o país é, por natureza, fantástico. A rigor, não é inteiramente verdadeiro. Porque há escritores patropis que aderiram ao realismo fantástico ou mágico e publicaram obras de imenso valor. O goiano José J. Veiga, autor de “Cavalinhos de Platiplanto”, é um deles. Mas é inegável que a nação verde-amarela contém laivos de realidades espantosas que, que sem ser, parecem ficção.

O repórter Lauro Jardim, colunista de “O Globo”, escreveu, no domingo, 2, que o Primeiro Comando da Capital, o célebre PCC — espécie de máfia dos trópicos —, é dono de mais de 1,5 mil postos de gasolina em todo o Brasil. São estimativas “das autoridades”, enfatiza o jornalista. Quer dizer, os dados são oficiais.

Enfatize-se: 1500 postos de gasolina do PCC estão espalhados pelos Estados brasileiros. Conta-se que os postos de combustíveis — que vendem gasolina, álcool e diesel — são um modo adequado de lavar dinheiro, rápido e fácil, dada a rotatividade do dinheiro.

Ao realismo, verdadeiro, Lauro Jardim adiciona, com amparo na realidade, uma espécie de caráter mágico: os chefões, “oficiais” e “recrutas” do PCC “colocam, nos seus postos, balões coloridos (aqueles usados em festas infantis) pendurados na fachada do estabelecimento. Assim, inibem roubos e fiscalizações”.

Afinal, quem assaltar o PCC corre risco, dos mais graves: pode ser assassinado.

Uma pergunta pertinente, que Lauro Jardim não formula, é: por que, sabendo disso, as autoridades — polícias, promotores de justiça e magistrados — não tomam providências contra tais postos, ou melhor, contra seus donos ditos “legais”? Uma varredura, num pacto entre as forças legalistas — polícias, Ministério Público e Justiça —, pode, por certo, resolver o problema em pouco tempo. Com o detalhe de que, “colhendo” os “lavadores de dinheiro” dos postos, talvez seja possível chegar a outros “lavadores” dos negócios das máfias tropiniquim (o PCC é apenas uma delas — e, de tão poderosa, é muito mais do que uma mera facção).

O crime organizado está seguindo os métodos da máfia italiana, que, com excesso de dinheiro em caixa, precisa lavar-lo, ou seja, torná-lo legal. Na Itália, a máfia atua, com habilidade, no mercado da construção civil e imobiliário. Suas redes chegaram também à Espanha.

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