Dois ex-ministros do governo do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), serão rivais na disputa pelo Senado em Mato Grosso do Sul.
De um lado estará a ex-ministra da Agricultura e atual deputada federal Tereza Cristina (PP) como candidata, com carimbo de bolsonarista; do outro lado, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (União Brasil), que deixou o ministério pelas portas dos fundos, depois de bater de frente com o presidente da República por causa de divergências sobre as medidas de combate à Covid-19.
A ligação de Tereza Cristina com Bolsonaro é tão forte que ela terá vaga assegurada no Ministério da Agricultura na eventual reeleição do presidente da República. Bolsonaro já deixou clara sua posição de contar com ela em sua equipe. Então, a vaga de primeiro-suplente passa a ser disputadíssima pelos aliados da ex-ministra.
Depois que deixou o ministério, Tereza reassumiu a sua vaga na Câmara dos Deputados. Ela é a voz do agronegócio brasileiro no Congresso Nacional e contará com apoio maciço desse setor produtivo para a sua eleição ao Senado.
Em Mato Grosso do Sul, o seu partido ou o PL não terão candidato a governador. Todos estarão no palanque de Eduardo Riedel, do PSDB, na disputa ao governo do Estado. E Riedel é, também, o candidato que contará com apoio do agronegócio sul-mato-grossense.
Até o presidente Jair Bolsonaro sinalizou apoio ao tucano Riedel em sua viagem a Ponta Porã. Os dois caminharam lado a lado na entrega de títulos de terra.
Esse apoio informal de Bolsonaro a Riedel teve o dedo de Tereza Cristina, porque seria inimaginável Bolsonaro no palanque de um candidato do PSDB, que tem o ex-governador de São Paulo João Doria como pré-candidato a presidente da República como seu opositor ferrenho.
Já Mandetta estava encontrando resistência de setores do União Brasil para concorrer ao Senado. A pré-candidato ao governo, deputada federal Rose Modesto, tinha convidado o procurador de Justiça, Sérgio Harfouche, para disputar o Senado.
Mas Mandetta reagiu rápido e frisou a Rose que sua filiação ao União Brasil para disputar o governo estava condicionada em não mexer com a sua vaga de senador. O ex-ministro da Saúde deixou claro que será o candidato do União Brasil ao Senado. E pronto.
Ao contrário de Tereza Cristina, Mandetta entra na disputa pelo Senado como um ex-bolsonarista. Ele rompeu com o sistema no início da pandemia, por confrontá-lo com adoção de medidas que irritaram Bolsonaro.
Ele se tornou o ministro mais popular do governo e depois acabou saindo pelas portas do fundo do ministério. Bolsonaro fez duras críticas às medidas e Mandetta se transformou em um grande opositor ao governo.
De ex-ministro virou pré-candidato a presidente da República pelo DEM. Depois da fusão do partido com o PSL, que formou o União Brasil, Mandetta não se viabilizou para a corrida presidencial e foi deixado de lado. Ele teve de voltar a Mato Grosso do Sul para tentar disputar o Senado. A sua grande rival será a sua ex-colega de ministério Tereza Cristina.
Os dois eram do DEM. Hoje, estão em caminhos opostos para as eleições deste ano, mas com o mesmo foco, o Senado. (Colaborou Adilson Trindade)
5 pré-candidatos ao senado
Por enquanto, são cinco pré-candidatos ao Senado: além de Mandetta e Tereza Cristina, Odilon de Oliveira (PSD), Thiago Botelho (PT) e Sérgio Harfouche (Avante).