De espião a presidente: Quem é Vladimir Putin?

Figura importante no mundo contemporâneo, de um posto de espião, chegou ao poder após a Crise do Rublo. Quem é e quais mudanças atravessou o atual presidente da Rússia?

A Rússia realiza ataques a diversas regiões da Ucrânia na madrugada de quinta-feira, 24, de fevereiro. Os ataques ocorrem logo após o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ter anunciado uma operação militar especial no país vizinho. De espião a presidente: Quem é Vladimir Putin?

Putin nasceu em 1952, em Leningrado, hoje, São Petesburgo. Um dado interessante, é que seu avô, Spiridon Putin, foi cozinheiro no Kremlin a serviço de Lênin e posteriormente, Stalin.

Desde jovem, Putin tentou ser espião, área na qual ingressou após a Universidade. Conseguiu sua primeira missão como espião em 1985, alocado em Dresden na então Alemanha Oriental (RDA), onde se disfarçou como tradutor.

Sua carreira política começa em 1991 como assessor de Anatoly Sobchak, que havia sido candidato à prefeitura de Leningrado. Em 1996, se muda para Moscou, onde trabalhou em um posto médio na administração do então Presidente Bóris Yeltsin.

Cerca de um ano e meio depois, Putin já era o Primeiro vice chefe da administração Yeltsin, sendo responsável pelas regiões do país, e em 1998 passa a q chefiar a KGB, e também se torna secretário do Conselho de Segurança Nacional.

1998 é precisamente o ano chave para entender como os eventos se desenrolaram. Nesse ano a Rússia viveu a Crise do Rublo, que golpeou um país que já se encontrava imerso em uma depressão econômica que já durava anos, consequência das políticas de choque que foram implementadas após a queda da URSS.

Como efeito da crise, Yeltsin renunciou, e Putin ascende à Presidência de forma interina em 31 de dezembro de 1999.

O primeiro decreto firmado por Putin outorgava imunidade processual a Yeltsin.

Exerceu a presidência entre 1999 e 2008, e após o governo de Medvedev, ocupa a presidência desde 2012 até a atualidade. Até o momento é o sexto governante russo que mais tempo ficou no poder.

Para entender a consolidação de Putin, é necessário voltar à crise de 1998, e as mudanças que a mesma produziu.
O setor financeiro russo, que era dominante nos anos 90, nunca mais recuperou sua predominância, enquanto empresários de setores chave, como o petróleo, o gás, o carvão e mineração seguiram se beneficiando. Como Roman Abramovich, originalmente um magnata do petróleo e do alumínio; Vladimir Bogdanov, proprietário da petrolífera Surgutneftegaz; Aleksei Mordashov, proprietário do conglomerado siderúrgico Severstal, e mais outras dezenas de oligarcas.

Durante seus dois primeiros mandatos, a Rússia que não possuía multimilionários até o ano 2000, passou a ter 82 em 2008.

Nem todos os russos de beneficiaram desde crescimento, e uma prova disso foi a grande onda de manifestações contra a Reforma Previdenciária que ocorreram no início de 2005, que prejudicam justamente os setores mais frágeis: aposentados e pequenos funcionários públicos. Desde então, o governo teve que modificar sua política social.

No entanto, a crise de 2008 impôs um freio ao crescimento econômico, que Putin compensou com um discurso cada vez mais nacionalista, conservador e autoritário.

Os últimos anos foram marcados pela perseguição à comunidade LGBT, detenção de opositores, e uma política cada vez mais agressiva em relação as zonas históricamente de influência russa. Em seus mandatos, Putin interviu militarmente na península da Criméia (2014), na Ucrânia (2014-2022), na Síria (2015-2022), em alguns países africanos e também na Segunda Guerra da Chechênia (1999-2009).

Putin está longe de ser um “tzar comunista” como dizem alguns, em consonância a um discurso que vem dos Estados Unidos.

Putin emergiu como o “homem forte” da Crise de 1998, em benefício de uma nova elite empresarial russa, e se consolidou graças as políticas abertamente neoliberais de Yeltsin e também graças à memória traumática deixada pela dissolução da antiga URSS.

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