Os indicadores do coronavírus voltaram a crescer em países da Europa, das Américas e também em nações como Rússia e China. No Brasil, porém, o cenário tem sido outro, com hospitalizações e mortes em queda.
Um dos principais motivos apontados por especialistas para o crescimento de casos da doença é o baixo índice de vacinação em alguns países, onde o número de infecções e de mortes se elevam juntos. A outra razão seria o aumento da circulação de pessoas já vacinadas. Nesses casos, as mortes por Covid tendem a crescer em menor ritmo que os casos da doença.
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– A vacina serve para impedir o adoecimento grave e mortes, mas a infecção e transmissão não são totalmente evitadas […] Os vacinados reduzem os cuidados e voltam a circular. Isso justifica o aumento de casos[de Covid], mas diminuição de hospitalizações e mortes [pela doença] – explicou o Infectologista da Fundação de Medicina Tropical de Manaus, Noaldo Lucena, ao portal Uol.
Segundo dados do Centro Europeu de Controle de Doenças, a Europa totalizou 1,3 milhão de casos de Covid na semana do dia 19 de outubro, em um aumento de 7% em relação à anterior.
Em países da Europa Oriental, onde a vacinação tem sido mais lenta, os índices são piores, como ocorre na Romênia, onde a vacinação total chega a 31% da população, e as mortes por um milhão de habitantes chegaram a 226 nas duas semanas, encerradas em 21 de outubro.
Nações como Inglaterra, que possui 68,5% da população vacinada, os casos saltaram, e o índice de mortes não os acompanhou. As infecções saltaram de 49 mil casos na semana de 13 de junho para 326 mil na semana de 24 de outubro. O índice de mortes, porém, não seguiram a mesma tendência, declarou o diretor-adjunto da OMS (Organização Mundial da Saúde), Michael Ryan, no último dia 20.
Nas Américas, ao menos seis países entraram em alerta: Canadá, México, Chile, Nicarágua, Haiti e Barbados. No Canadá, onde a vacinação chega a 74% da população, mas vem caindo em ritmo, os casos cresceram sete vezes nesta quarta onda, indo de 2.500 para 18,2 mil. As mortes, porém, aumentaram em menor proporção, de 76 para 256 óbitos entre a semana de 18 de julho e a de 24 de outubro.
– A diferença da alta transmissão no Canadá para [a] no Haiti ou [em] Bermudas é que, nos países pobres, a vacinação não avança, aumentando hospitalizações e mortes. Já no Canadá, em países ricos da Europa e mesmo no Chile, onde a vacinação é alta, a letalidade diminui com o avanço da vacinação – declarou o professor da Santa Casa de São Paulo, Marco Aurélio Sáfadi.
No Chile, que tem alto índice de vacinados, atualmente 77% da população, terminou a semana de 24 de outubro com 11 mil notificações, quadruplicando as da semana de 12 de setembro. As mortes, porém, ficaram estabilizadas em 60 por semana.
A China, que afirma possuir tolerância zero com casos de coronavírus, já impôs restrições diante das 133 infecções relatadas de 16 a 31 de outubro.
Na Rússia, contudo, a pandemia enfrenta seu momento mais grave, com 1.159 óbitos e 40.096 infectados em 28 de outubro. A imunização no país estagnou em apenas 33%, e o governo tem desenvolvido estratégias para elevar o número de inoculações.
No Brasil, o cenário é favorável: a campanha de vacinação tem se consolidado, e a média móvel de óbitos por Covid nesse domingo (31) foi a menor desde abril de 2020: 311,43 óbitos em sete dias, em comparação às 325,14 mortes registradas logo após o início da pandemia.
Para Marco Aurélio Sáfadi, porém, isso “não quer dizer que vencemos a guerra”, sendo necessário continuar avançando na campanha de imunização e organizar flexibilizações “cautelosas”.
– A gente ainda tem muita gente descoberta [quanto à vacinação], e isso pode levar ao surgimento de uma nova variante [do coronavírus] – frisou o infectologista Lucena.