O processo de cassação da prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), e de sua vice, Camilla Nascimento (Avante), por suposta compra de votos nas eleições de 2024, ganhou contornos que extrapolam as fronteiras locais. A presença de figuras de destaque no cenário político e jurídico nacional entre os advogados que atuam na acusação levanta questionamentos sobre a real motivação por trás da ação movida por partidos de estrutura modesta como o PDT e a Democracia Cristã.
Entre os nomes que compõem a equipe jurídica dos autores da ação está José Eduardo Rangel de Alckmin, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e primo do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin. Sua atuação em casos de grande repercussão evidencia sua relevância no meio jurídico nacional. Outro nome que chama atenção é o de Roberto Oshiro, advogado tributarista e consultor, que foi anunciado como vice na chapa de Rose Modesto (União Brasil) durante as eleições municipais de 2024. Sua ligação direta com a principal adversária de Adriane Lopes no pleito passado levanta dúvidas sobre a imparcialidade da ação.
Além disso, o advogado e ex-juiz eleitoral Newley Alexandre da Silva Amarilla, que representa o PDT e a Democracia Cristã na ação, apresentou depoimentos de testemunhas que afirmam ter recebido dinheiro em espécie e via Pix para comprar votos. Durante a sustentação oral, Amarilla afirmou: “Prova houve e prova há. Essa prova pinça nos autos. Só não vê quem não quer”.
A presença desses profissionais de renome em uma ação movida por partidos com recursos limitados suscita questionamentos sobre quem está financiando essa ofensiva jurídica. Afinal, a contratação de advogados desse calibre demanda investimentos significativos, que aparentemente extrapolam a capacidade financeira do PDT e da Democracia Cristã.
O julgamento, iniciado no Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul (TRE-MS), teve seu desfecho adiado após pedido de vista do juiz Márcio de Ávila Martins Filho. A sessão será retomada nesta terça-feira, 27 de maio, com a expectativa de que os demais membros da Corte apresentem seus votos e concluam o julgamento .
Diante desse cenário, é legítimo questionar se o processo de cassação está sendo conduzido com o devido rigor jurídico ou se está sendo instrumentalizado como ferramenta de disputa política. A presença de figuras ligadas a adversários políticos da atual gestão municipal e a partidos de oposição ao governo federal reforça a necessidade de transparência e imparcialidade no julgamento.
A democracia se fortalece quando as instituições atuam com isenção e respeito às normas legais. É fundamental que o TRE-MS conduza o processo com base em provas concretas e que a sociedade esteja atenta aos desdobramentos desse caso, que pode ter implicações significativas para o futuro político de Campo Grande.
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