A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News deve ser encerrada em breve sem sequer ter a apresentação de um relatório final. O colegiado, instalado em setembro de 2019, está com os trabalhos paralisados desde o início da pandemia de Covid-19, no primeiro trimestre de 2020. A informação sobre o possível fim da CPMI foi divulgada pelo site O Antagonista.
O presidente do colegiado, senador Angelo Coronel (PSD-BA), não pretende retomar os trabalhos. Para justificar a decisão, integrantes do colegiado relataram que duas questões foram determinantes: as eleições gerais, que tradicionalmente esvaziam os trabalhos de comissões, e a atuação da base governista, que hoje é maioria na comissão.
Desde sua instalação, a comissão foi marcada por muita confusão e polêmica. Fosse em depoimentos de ex-aliados do presidente Bolsonaro, como os deputados Alexandre Frota (PSDB-SP) e Joice Hasselmann (PSDB-SP), ou nas sessões com o jornalista Allan dos Santos e com o ex-funcionário da empresa de marketing Yacows, Hans River, sempre houve muito bate-boca.
Ouvido em novembro de 2019, Allan defendeu a liberdade de opinião e disse que o jornalismo de direita estava “sendo calado”. Na ocasião, Allan disse que eram as grandes empresas de comunicação que promoviam desinformação. Além disso, o jornalista reiterou que nunca recebeu financiamento do governo federal.
Em fevereiro de 2020, foi a vez do colegiado ouvir Hans River, ex-funcionário da Yacows, empresa de marketing digital investigada por supostas fraudes na campanha eleitoral de 2018. Em seu depoimento, River disse que a repórter Patrícia Campos Mello, da Folha de São Paulo, havia se “insinuado” sexualmente para ele para obter informações para uma reportagem.
Mello foi autora de uma reportagem que afirmava que empresários teriam bancado disparos em massa de mensagens no WhatsApp contra o PT durante a campanha eleitoral de 2018. A Yacows era uma das agências contratadas para efetuar os disparos, segundo a reportagem.
Já os depoimentos de Frota e Hasselmann focaram principalmente em acusações sobre a existência de um suposto “gabinete do ódio”. O esquema em questão seria chefiado pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e teria como objetivo disseminar notícias falsas e destruir reputações na internet.