Cascalhos de Areia: Ministério Público denuncia Patrola, ex-secretário de Marquinhos Trad, empreiteiros e servidores por desvios que ultrapassam 300 milhões

O empreiteiro André Luiz dos Santos, o Patrola, e outros empreiteiros foram denunciados pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) por desvios em contratos de cascalhamento e locação de máquinas que ultrapassam R$ 300 milhões, segundo investigações. A maioria dos contratos foi firmada durante a gestão do ex-prefeito Marquinhos Trad (PDT).

A denúncia foi feita mês passado pelo MPMS e aguarda análise do juiz Waldir Peixoto Barbosa, da 5ª Vara Criminal de Campo Grande. Também figuram entre os denunciados o ex-secretário de obras da Prefeitura de Campo Grande, Rudi Fioresi, empreiteiros, supostos laranjas da organização criminosa e servidores.

Conforme apurado pelo Jornal Midiamax, no total 12 pessoas foram denunciadas por crimes como peculato, corrupção, fraude à licitação e lavagem de dinheiro, confira os nomes:

  • ANDRÉ LUIZ DOS SANTOS: dono da ALS Locações e Terraplanagem Ltda
  • RUDI FIORESE: secretário de obras da gestão de Marquinhos Trad
  • JULIANA PERES VILLALBA: Representante legal de Patrola
  • MAMED DIB RAHIM:empreiteiro ex-sócio da Engenex
  • EDCARLOS JESUS DA SILVA: empreiteiro Engenex
  • PAULO HENRIQUE SILVA MACIEL: empreiteiro Engenex
  • ARIEL DITTMAR RAGHIANT: arquiteto que assinou como ‘responsável técnico’ de obras suspeitas
  • PATRÍCIA DA SILVA LEITE: funcionária da Engenex
  • MEHDI TALAYEH– engenheiro da Prefeitura – Supervisor
  • EDIVALDO AQUINO PEREIRA: servidor público SISEP – Gestor de Projetos
  • ERIK ANTÔNIO VALADÃO FERREIRA DE PAULA: servidor Público Sisep
  • FERNANDO DE SOUZA OLIVEIRA: servidor da Sisep

Patrola: sócio oculto de empreiteiras

André Luiz dos Santos seria o operador do esquema de ‘laranjas’ para comprar as empresas e, assim, vencer todas as licitações de cascalhamento em Campo Grande. Tratam-se de contratos difíceis de aferir a comprovação dos serviços.

André, inclusive, teria ganhado o apelido de ‘Patrola’ justamente por usar basicamente uma patrola para ‘disfarçar’ os serviços contratados na hora da medição, que é sempre realizada por um fiscal do órgão público.

No entanto, as informações apuradas mostram que o empreiteiro teria acesso facilitado pela administração municipal – com ex-secretário e servidores da pasta de obras denunciados – a licitações, e usaria a rede de empreiteiras nas mãos de laranjas para desviar milhões dos cofres municipais com obras que nunca teriam sido realizadas e seriam difíceis de ‘conferir’.

Operação Cascalhos de Areia foi deflagrada em Campo Grande (Foto: Henrique Arakaki/Jornal Midiamax)

A suspeita da investigação se deu a partir de indícios que comprovariam a transição dos contratos entre empreiteiros, para pessoas que não são do ramo, sempre a preços muito baixos.

Ele é apontado como verdadeiro operador das empresas investigadas. Além disso, segundo denúncia anônima que deu início às apurações, supostamente seria sócio do ex-prefeito Marquinhos Trad no ‘esquema’. O político nega.

Todas as empreiteiras têm contratos desde 2017 na Prefeitura de Campo Grande, ou seja, durante a gestão do ex-prefeito Marquinhos Trad. Os servidores alvos da investigação também foram nomeados pelo ex-prefeito.

À reportagem do site Jornal Midiamax, Marquinhos disse que “todos os contratos de responsabilidade do gestor foram feitos e aprovados pela procuradoria-geral do município e controladoria de transparência. Não fiz e não faço parte dessa relação processual”. Além disso, negou ter praticado qualquer ato ilegal: “Todos os meus atos foram proclamados pelo MP como lícitos e legais”.

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