Após a pesquisa divulgada do Instituto Paraná Pesquisas, realizado em Mato Grosso do Sul, retrata o drama vivido pelo ex-prefeito da capital Marcos Trad. Depois de ser investigado por acusações de assédio e viver denúncias ligando a gestão aos esquemas do PROINC, o ex-prefeito vê sua popularidade derreter.
Marcos perdeu mais de 6% em pesquisas, o derretimento da candidatura se tornou uma realidade. Hoje o eleitor já se questiona se Marquinhos chegará ao segundo turno. A campanha do ex-prefeito vive seu pior momento somando denúncias no Programa de Inclusão (PROINC) e a sua investigação por assédios sexuais.
Pesquisa feita entre os dias 14 e 18 deste mês, pois André Puccinelli com 25,1% das intenções de voto.
Puccinelli é seguido pelo ex-prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD), que tem 16,8% da preferência do eleitorado. Em seguida vem o deputado estadual Capitão Contar (PRTB), com 13,6% das intenções de voto e o ex-secretário de Infraestrutura Eduardo Riedel (PSDB) com 13,2% das intenções de voto.
Pela margem de erro, Marquinhos, Contar e Riedel estão tecnicamente empatados.
CASO ASSÉDIO
A investigação começou no início de julho, quando quatro mulheres procuraram a Polícia Civil para relatar crimes contra a dignidade sexual sofridos dentro do gabinete da prefeitura.
Duas mulheres confirmaram ter mantido relações com o prefeito em troca da promessa de um emprego no município, uma delas, inclusive, disse ter sido inscrita no Programa de Inclusão Profissional (Proinc).
A terceira suposta vítima do prefeito teria sido alvo de uma investida dele dentro do banheiro do gabinete. Ela teria se recusado a manter relações sexuais com ele na ocasião, conforme a descrição, Trad teria tirado parte de suas vestes. Por causa desta investida, o prefeito é investigado por tentativa de estupro.
A quarta mulher, que chegou a confirmar as três tentativas, disse às policiais que o prefeito não quis nada com ela, por não fazer o tipo dele, mas, depois que o caso foi noticiado na imprensa, mudou a versão e afirmou estar sendo perseguida pelas colegas.
Do início de julho para cá, pelo menos 15 mulheres procuraram a polícia para denunciar supostos casos de assédio sexual nesta mesma investigação conduzida pela Delegacia da Mulher.
No dia 9 de agosto, a Polícia Civil efetuou busca e apreensão no gabinete da prefeitura, ocupado atualmente pela prefeita Adriane Lopes (Patriota), vice de Marquinhos na época dos supostos crimes relatados. A operação, na ocasião, foi autorizada pela juíza da 3ª Vara Criminal de Campo Grande, Eucélia Moreira Cassal.
Servidores e ex-servidores do município também estão sendo ouvidos pelas policiais. Marquinhos deve ser ouvido ao fim do inquérito.
DENÚNCIAS DO PROINC
A lista que veio à tona recentemente, revelou que 2.856 pessoas foram supostamente contratadas pelo Proinc (Programa de Inclusão Social) desenvolvido pela Funsat (Fundação Social do Trabalho de Campo Grande). O programa prevê o pagamento de um salário-mínimo, R$ 1.212, o que corresponde a um gasto total de R$ 3.461.472 com a folha de pagamento. No entanto, o documento levantou suspeitas já que a maioria dos beneficiários estariam contratados para o serviço de limpeza. Além disso, o benefício que só pode ser cedido por até quatro anos, exibe pessoas registradas há 10 anos.
Outra controvérsia é que o relatório está dividido por segmentos e aponta que foram 2.847 pessoas destinadas para o serviço de limpeza e nove para a área de coleta de dados. Não há o detalhamento de qual órgão municipal ou empresa elas prestariam os serviços. O beneficiário mais antigo do programa está cadastrado desde 1º de dezembro de 2012 e o mais atual foi contratado em 16 de maio de 2022.
Cabe destacar, que desde 2021, o vereador André Luís (Rede) tenta obter a relação dos contemplados pelo programa. Sem sucesso, com o ofício enviado por duas vezes à Funsat, o parlamentar entrou com pedido na Justiça de Mato Grosso do Sul e aguarda a liberação pública do documento para que possa fiscalizar se o programa realmente tem cumprido sua finalidade.
“A gente tem muita informação do desvio de finalidade do Proinc. Tínhamos uma denúncia antiga de que haviam grupos de WhatsApp montados com os Proinc’s justamente para a campanha política do ex-prefeito. A lista que foi divulgada se você observar, só tem gente da limpeza. É como se tivesse mais de duas mil pessoas fazendo limpeza em Campo Grande, a cidade mais limpa do Brasil é Campo Grande”, ironizou o vereador.
Por sua vez, o diretor-presidente da Funsat, Luciano Martins, ressaltou que o Proinc é um programa sério e de extrema importância para as famílias em vulnerabilidade social. Além disso, ele justifica que devido a LGPC (Lei Geral de Proteção de Dados) a lista oficial não pode ser divulgada.
“Como diretor eu tenho aqui uma série de informações e também tenho que atender a Lei Geral de Proteção de Dados. Não posso divulgar esses dados, eu sou da manutenção, eu respondo por improbidade”, afirmou e destacou que “o Proinc é um belo de um programa social sob a gestão da Funsat, ele encaminha essa pessoa para uma das unidades da prefeitura, prevê alguns direitos como a licença maternidade e ainda, passamos a prever um percentual de 5% na Lei para as mulheres vítimas de violência doméstica”, finalizou o presidente da Funsat.
Conforme divulgado pelo jornal O Estado na edição do dia 1º de agosto, a lista foi exposta pelo blog do jornalista Dante Filho que apontou, inclusive, o nome de uma das jovens que acusou o ex-prefeito Marquinhos Trad (PSD) de assédio sexual. No entanto, ontem (2) a informação foi retirada do ar.
Cabe destacar que o Proinc foi criado em 2010 para inserção no mercado de trabalho de pessoas entre 18 e 70 anos, desempregadas há, pelo menos, seis meses, sem carteira assinada e com renda bruta familiar de até um salário-mínimo e meio. O benefício prevê o pagamento de um salário-mínimo, vale-transporte, vale-alimentação e cesta básica. Além disso, os inscritos devem realizar algum curso profissionalizante em parceria com a Funsat.
Desde 2017 o programa passou a ter a limitação no número de inscritos e em 2021 recebeu outra alteração importante, aumentando o tempo limite de permanência de 24 meses (2 anos) para 36 meses (quatro anos) ininterruptos. Ainda segundo a Funsat, de julho de 2021 a julho de 2022, foi realizada a capacitação de 2.500 pessoas do Proinc.