Os presidentes Lula da Silva e Alberto Fernández estão trabalhando no avanço de um acordo para assegurar que as empresas brasileiras possam superar as dificuldades encontradas no mercado argentino.
Em uma entrevista à Sputnik, o analista Marcelo Elizondo explicou que os produtos brasileiros são de fundamental importância para a indústria argentina, e sua escassez poderia afetar seriamente os argentinos.
A preocupação de que a falta de financiamento dos importadores argentinos afete o fluxo de exportações brasileiras ao país vizinho preocupa os governos de Lula e Fernández há meses.
Para tentar encontrar uma solução para este cenário, em janeiro de 2023 os ministros da Economia e da Fazenda de ambos os países, Sergio Massa e Fernando Haddad, anunciaram um compromisso relacionado ao avanço em um “programa recíproco de exportações”, visando o aumento do volume das exportações entre os dois países.
Além disso, o programa visa simplificar a vida das empresas brasileiras ao exportar seus produtos ao país vizinho, enquanto, para os argentinos, o acordo asseguraria o abastecimento de suprimentos industriais provenientes do Brasil.
Marcelo Elizondo explicou à Sputnik que o problema para exportar produtos brasileiros à Argentina é que os importadores devem recorrer obrigatoriamente ao Banco Central da República da Argentina (BCRA) para obter as moedas necessárias para o pagamento.
“A escassez de dólares no BCRA faz com que os importadores tenham dificuldades para realizarem o pagamento, pois devem pedir dólares ao banco e não podem utilizar dólares do setor privado, que, por sua vez, custam mais caro que no mercado oficial”, explicou.
O analista observou que, devido à escassez de dólares nas reservas argentinas, o Banco Central “obriga as empresas a variar o pagamento ou pedir o refinanciamento” para o pagamento das importações, dificultando o processo.
Sendo assim, o especialista acredita que a Argentina precise de um mecanismo externo de financiamento que assegure os pagamentos das exportações, facilitando a negociação por parte dos exportadores.
Segundo Elizondo, o pagamento em reais pode facilitar essas operações, mesmo não sendo a solução para o problema.
Ele destaca que outra opção pode ser a utilização de organismos externos como o Banco de Desenvolvimento do BRICS, que poderia fornecer o financiamento em reais.
De acordo com o analista, o comércio com o Brasil é um dos mais relevantes para a Argentina, e “perder as importações com o país vizinho poderia afetar os setores-chave argentinos”, o que poderia comprometer o funcionamento da indústria do país.