O governador paulista, Tarcísio de Freitas, informou a Valdemar Costa Neto, líder do PL, que pretende ingressar no partido do ex-presidente Jair Bolsonaro ainda este ano. Contudo, a transição de Tarcísio do Republicanos, seu partido atual, não será conturbada. Acredita-se que essa mudança possa facilitar o apoio do Palácio do Planalto a Marcos Pereira, deputado e candidato à sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na Câmara. As informações são do Estadão.
As eleições para renovar a liderança da Câmara e do Senado só ocorrerão em fevereiro de 2025, mas os partidos já estão se mobilizando. Pereira, que lidera o Republicanos, é um dos candidatos à posição de Lira.
O Planalto não vai se envolver publicamente na disputa, mas está fazendo articulações nos bastidores para evitar que adversários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenham influência na direção da Câmara e do Senado.
Embora Tarcísio negue que planeja se candidatar ao Planalto em 2026, quando Lula pretende concorrer a um novo mandato, a liderança do PT não acredita nisso. É neste ponto que a disputa nacional se entrelaça com o jogo no Congresso.
Governador é visto como futuro desafiante Convencidos de que o governador de São Paulo assumirá o papel de principal desafiante da direita contra Lula, daqui a dois anos, deputados petistas relutam em apoiar a candidatura de Marcos Pereira, hoje primeiro vice-presidente da Câmara.
A divulgação da iniciativa, no entanto, criou problemas para Valdemar. Até mesmo a família de Bolsonaro – que já se indispôs com o presidente do PL por discordar do recurso impetrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para cassar o mandato do senador Sergio Moro (União Brasil-PR) – reprovou a antecipação da estratégia, hoje em banho-maria. Desde 8 de fevereiro, quando a Polícia Federal deflagrou a operação Tempus Veritati (Tempo da Verdade), Bolsonaro e Valdemar estão proibidos de manter contato por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
“Não estou trabalhando pela anistia agora. Até as eleições municipais de outubro, vamos todos brigar muito e depois ficar de bem”, argumentou Valdemar. “Além disso, o PL pode ter candidato à presidência da Câmara.”
O nome cogitado é o do líder do PL, Altineu Côrtes (RJ), mas ele próprio admite ter poucas chances nesse páreo. No Senado, o PL já confirmou o apoio a Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) para a cadeira de Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
As últimas pesquisas que mostraram Tarcísio competitivo numa eventual disputa com Lula, em 2026, serviram para animá-lo ainda mais, embora até lá o cenário político possa mudar muito.
Um exemplo de mudança foi citado pelo próprio Valdemar. “Quando Bolsonaro me falou, em 2018, que ia lançar Tarcísio ao governo paulista, eu respondi: ‘Você está louco? Ele não conhece São Paulo’. Agora, quando Bolsonaro fala alguma coisa, eu tenho de pensar”, afirmou Valdemar.
Michelle está mais para Senado, mas é ‘plano B’ de Bolsonaro A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro tem mais intenções de votos do que Tarcísio e vem sendo tratada como “plano B” do PL, mas sua rejeição é alta. Bolsonaro quer fortalecer a direita no Senado e lançar Michelle para uma vaga na Casa.
Interlocutores do governador de São Paulo observam que a senadora Tereza Cristina (PP-MS) é cotada para ser candidata a vice numa chapa liderada por ele. Tarcísio e Tereza foram ministros do governo Bolsonaro. Ele, de Infraestrutura; ela, da Agricultura.
A senadora é uma das principais representantes do agronegócio no Congresso e já foi sondada para vice pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), que está em campanha aberta à sucessão de Lula.
O presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), é outro nome citado para vice de Tarcísio. “Eu tenho certeza de que, se Bolsonaro continuar inelegível, Tarcísio será candidato a presidente”, observou Ciro. “Ele só não será em duas hipóteses: se houver um milagre econômico no Brasil, porque daí o Lula estará reeleito, ou se Bolsonaro não apoiá-lo. Mas é muito difícil essas duas coisas acontecerem”, emendou o senador, que foi ministro da Casa Civil no governo passado.
Logo que Tarcísio venceu a eleição, em 2022, Ciro lhe deu dois conselhos. O primeiro: não brigar