O presidente Jair Bolsonaro (PL) comentou declarações recentes de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) a respeito da lisura das eleições brasileiras. Em entrevista no domingo 15, depois de passeio de moto em Brasília, o mandatário disse ver com legitimidade as manifestações populares que questionam o processo eleitoral, mas rebateu clamores ligados ao AI-5 dos tempos da ditadura.
“Tenho certeza de que as eleições serão limpas, mas há dúvidas que devem ser esclarecidas. Nós, homens públicos, não somos donos da verdade”, comentou o presidente.
“Eu classifico como psicopata ou imbecil aqueles que duvidam de manifestações espontâneas como o 7 de Setembro ou 1º de Maio, como se fossem atos antidemocráticos”, afirmou Bolsonaro, em menção a dois atos recentes que contaram com endosso do governo.
Bolsonaro sobre AI-5: ‘Não existe isso’
Na mesma entrevista, Bolsonaro fez comentários sobre alguns manifestantes que vêm pedindo nas ruas a intervenção militar no país, com referência ao Ato Inconstitucional número 5 (AI-5), símbolo do endurecimento do regime ditatorial da época.
O AI-5 foi emitido pelo então presidente Arthur da Costa e Silva em 13 de dezembro de 1968 e, entre outras medidas, fechou o Congresso Nacional por dez meses e determinou o fim do habeas corpus. Em linhas gerais, foi um instrumento do então governo para reforçar o aparato de repressão militar.
Para Bolsonaro, esse clamor em particular está fora de contexto e não deve ser encarado dentro das esferas democráticas com seriedade.
“Você acha que isso tem repercussão? O maluco levanta uma faixa lá, ‘AI-5’. Existe AI-5?”, declarou Bolsonaro.
“Você tem que ter pena do cara que levanta a faixa do AI-5. Você tem que chegar para ele, da imprensa, ‘ô, amigo, o AI-5 foi lá na época dos anos 60 que tinha ato institucional, não existe isso’. Você tem que ter pena dessa pessoa e não querer prender.”