Muitos ainda atrelados aos partidos em que estavam em 2018, outros “livres no mercado” para ir para outras siglas, mas esperando movimentações mais concretas na política para escolher uma legenda que os acolham na disputa das eleições neste ano.
Essa é a situação de praticamente todos os apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), grande parte integrantes de sua base pesselista em 2018 e que, agora, procuram uma nova casa eleitoral.
A fusão entre PSL e DEM, criando o União Brasil, ao menos em Mato Grosso do Sul, já deixou claro que causou uma fratura antes mesmo de consolidada.
Como tudo na política, nada é certo antes de oficializado, mas dois caminhos se tornam muito claros, conforme o ano de 2022 ganha corpo e as ações de líderes partidários aparecem mais.
Partido escolhido por Bolsonaro para a disputa em outubro, o Partido Liberal (PL) é um dos caminhos naturais da “trupe” que apoia o presidente em sua reeleição, mas outro partido que tem força semelhante e pode abrigar uma legião de aliados é o Partido Progressista (PP) – que é liderado nacionalmente pelo chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira.
Bolsonarista de carteirinha há tempos e um dos principais nomes de Jair Bolsonaro em Mato Grosso do Sul, o deputado estadual Coronel David, ex-PSL e hoje sem partido, revela que até mês que vem assina ficha partidária com uma nova legenda: ou no PP, ou do PL.
“Estou com um pé na canoa do Bolsonaro e sigo somente para partidos comprometidos com ele”, afirmou o parlamentar, que acompanhou o chefe do Executivo recentemente em visita ao Mercadão Municipal de Campo Grande.
Além da aliança, David alimenta amizade com Bolsonaro e disse ao Correio do Estado que vai concorrer à reeleição e só não revela o nome da legenda que vai filiar-se por orientação de Bolsonaro.
David, que conversou com Bolsonaro em dezembro, na rápida visita que fez a Campo Grande, afirmou que o presidente pediu a ele tempo na assinatura da ficha do novo partido.
Em tese, o parlamentar devia seguir o mesmo rumo do presidente, ou seja, juntar-se ao PL. No entanto, já de olho em alianças nas eleições de outubro, na interpretação de Bolsonaro, David pode seguir para um partido aliado, com o compromisso de apoiar a reeleição do presidente.
Como pegou Covid-19 pela segunda vez, David se isolou em um dos cômodos de sua casa, desde a semana passada. Mesmo assim, as tratativas seguem. Ele conversou com a reportagem por telefone.
DOUTOR FIEL
Já o deputado federal Luiz Ovando, ainda filiado ao PSL, também aguarda minúcia para fechar com um novo partido – e assim deixa claro que não seguirá no PSL, futuro União Brasil, que já teria decidido caminhar com Sergio Moro (Podemos) nas eleições presidenciais. Agora, no radar de Ovando, PP e PL também são os principais alvos.
Ovando, que é médico e aproveita para cuidar de seus pacientes em Campo Grande no período de recesso no Congresso Nacional, informou por meio de sua assessoria de imprensa que está “formando ideias” para avaliar a questão partidária sul-mato-grossense.
“Isso é extremamente importante, estudar o melhor partido, o que se adapte às ideias e aos ideais e que dê espaço para defender a base do governo. Independente para qual partido for”, informou a assessoria, que acrescentou: doutor Ovando continuará “fechado com Jair Bolsonaro”.
Em Mato Grosso do Sul, Ovando pode seguir também para o PSC, partido do qual revela já ter recebido convite. O médico vai concorrer à reeleição como deputado federal.
A assessoria de Ovando, para reforçar a disposição do deputado em seguir o mesmo rumo político de Bolsonaro, informou que “o presidente prioriza a família, a vida, a nação e é contra a corrupção, coisas na qual o deputado acredita veementemente”.
“Suas ações [do presidente] têm sido pautadas em prol do cidadão e contra a esquerda, o socialismo e o comunismo, os verdadeiros inimigos da pátria. Por este motivo, independente do partido que ele vá, continuará firme em suas convicções e apoiando o presidente a favor do Brasil”, concluiu o comunicado da assessoria do parlamentar federal.
O OUTRO CAPITÃO
Outro parlamentar da base bolsonarista que ainda não definiu para que lado seguir é o deputado estadual Capitão Contar, ainda filiado ao PSL.
Ele também não definiu que rumo partidário deve tomar. Em suas redes sociais, costuma escrever que está “fechado com Bolsonaro” e que seu mandato deve intensificar as atenções aos projetos anticorrupção, independente de qual sigla tenha escolhido para isso.
Em sua conta oficial no Facebook, Contar pode ver que seguidores – e prováveis eleitores – pedem a ele que se candidate ao governo, assunto que o parlamentar ainda não explora publicamente.
Caso siga na mesma casa partidária e resolva migrar para a disputa pelo Executivo local, ele deverá ter pela frente concorrência.
Soraya Thronicke, presidente do PSL e que vai assumir o União Brasil regional, trabalha a ideia de, pela sigla que dirige, lançar como candidata ao governo sul-mato-grossense a deputada federal Rose Modesto, que atualmente está no PSDB, mas há, pelo menos, dois anos tem se cogitado sua saída da legenda após ruptura com a alta cúpula do partido.
Rose queria concorrer à Prefeitura da Capital em 2020, mas os tucanos escolheram apoiar a reeleição de Marquinhos Trad (PSD), que agora é pré-candidato ao governo contra o governista Eduardo Riedel, secretário de Estado de Obras.
BLOCOS
Por ora, nem progressistas e nem liberais, segundo seus dirigentes estaduais, estão com pré-candidaturas ao governo de Mato Grosso do Sul postas, e sequer possuem formação de alianças fechadas com partidos maiores e que devem concorrer ao governo, como é o caso de MDB, PSDB, PT e PSD, além do próprio União Brasil.