Pela primeira vez no período de pré-campanha, Geraldo Alckmin (PSB) vai se distanciar da agenda de Lula (PT) para reforçar os esforços para divulgar o petista Fernando Haddad, candidato ao governo de São Paulo.
A intenção é inspirar eleitores simpáticos ao ex-tucano, hoje vice na chapa de Lula, para fortalecer as chances de Haddad. O PT jamais venceu uma eleição para o governo do Estado, que teve Alckmin no comando em duas oportunidades.
Nesta terça-feira, Lula vai mais uma vez ao Nordeste, um território geralmente simpático ao ex-presidente petista. Depois de passagens recentes por Bahia, Pernambuco e Ceará, o candidato à Presidência cumpre agenda em Campina Grande (PB).
Enquanto isso, Alckmin vai reforçar um ato de pré-campanha de Haddad em São Vicente, no litoral de São Paulo. A cidade da Baixada Santista é um reduto político de Márcio França (PSB), ex-prefeito local e agora candidato ao Senado por São Paulo. O trio vai estar junto em um evento na noite de terça-feira.
Alckmin já havia estado com Haddad em um evento em Diadema no começo de julho. No último dia 23, os dois voltaram a se encontrar durante a convenção estadual do PSB. A expectativa é que Lula reforce este grupo bipartidário em São Paulo em alguns atos durante a campanha no primeiro turno.
Haddad e Alckmin foram adversários nas eleições presidenciais de 2018, mas tiveram que colaborar na última década, quando o petista respondia pela prefeitura da capital paulista e o ex-tucano estava no Palácio dos Bandeirantes. O principal desafio conjunto aconteceu durante os protestos de junho de 2013, em razão do aumento de preços do transporte público paulistano.
Alckmin em São Paulo
O descolamento pontual de Geraldo Alckmin da agenda de Lula tem a intenção de reforçar a aliança PT-PSB em São Paulo, aproveitando seu capital político no Estado. Mesmo com o desgaste pela recente troca de partido, o ex-governador espera batalhar por votos em redutos do interior paulista, tradicionalmente mais resistentes aos petistas.
Alckmin ocupou o governo de São Paulo em dois ciclos (2001-2006 e 2011-2018), sendo o primeiro deles depois da morte do governador Mário Covas, de quem era vice. Nos dois períodos, exerceu o poder paulista como representante do PSDB.
O atual vice da chapa de Lula foi o governante mais longevo do Estado desde a Proclamação da República, somando os dois períodos no Palácio dos Bandeirantes.
Em dezembro de 2021, Alckmin se desligou do PSDB, depois de 33 anos de fidelidade. Meses depois, em março de 2022, o ex-governador paulista se filiou ao PSB.
Na última sexta-feira 29, Geraldo Alckmin teve a indicação confirmada para a chapa de Lula nas eleições, durante convenção nacional de seu partido.