Acordo Mercosul-UE ‘não é válido’ e deve ser renegociado, diz Lula

O acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul “não é válido” e deve ser renegociado, pois não respeita os interesses do Brasil, afirmou o ex-presidente e candidato à eleição em 2022 Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“[O acordo] não é válido, porque nem foi finalizado. Não respeita o que eu quero para o Brasil […] a negociação tem que ser algo em que todos ganham. Não pode um ganhar e outro não, não queremos abrir mão do nosso interesse em reindustrializar”, disse Lula, nesta segunda-feira (22), em entrevista coletiva com correspondentes estrangeiros em São Paulo.

Lula afirmou que “não é preciso ter pressa” para negociar e chegar a um novo acordo, advertindo que as bases do que é importante para a Europa devem ser ajustadas levando em conta o que é importante para os países da América do Sul.

Segundo ele, a reindustrialização do país será uma de suas prioridades, caso seja eleito em outubro. O ex-presidente lembrou que, em 40 anos, o setor industrial caiu de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) para apenas 11% atualmente.

Citando a Argentina, Lula aponta que tanto o Brasil como outros países têm o direito de cuidar de sua indústria, em “uma relação mais civilizada, onde todos podem ganhar”.

O petista se mostrou confiante de que o cenário para uma possível renegociação será positivo, já que a Europa vive uma época de incertezas. Segundo ele, a América do Sul pode representar “um sopro de calma e possibilidades” para os países europeus.

O acordo entre a União Europeia e o Mercosul foi assinado em junho de 2019, duas décadas após o início das negociações, mas não entrou em vigor, pois exige a ratificação de todos os países membros da UE.

Pelos termos acordados, os sul-americanos teriam mais facilidade para exportar produtos agrícolas à Europa, que, em contrapartida, seriam beneficiados com a comercialização de manufaturados aos países do Mercosul. Se estabelecida, a relação econômica pode prejudicar as indústrias locais, especialmente de Brasil e Argentina, os mais industrializados do bloco.

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