A 11 dias da renúncia, Marquinhos reafirma interesse na disputa pelo governo

Marquinhos Trad vai deixar a prefeitura e concorrer à sucessão de Reinaldo Azambuja

Embora pressionado por alguns aliados e até parente, o prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad, do PSD, voltou a reafirmar nesta segunda-feira (21) que renuncia ao cargo até dia 1.º, daqui a 11 dias, para garantir a pré-candidatura ao governo do Estado, na eleição marcada para o dia 2 de outubro.

Por regra, para concorrer à sucessão do governador Reinaldo Azambuja, do PSDB, o prefeito, cujo mandato expiraria em dezembro de 2024, precisa deixar a prefeitura a seis meses antes da eleição.

“Os secretários serão os mesmos, o programa de governo é o mesmo, o plano municipal publicamente divulgado é o mesmo, tudo que foi registrado no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) vai ser honrado pelo nosso grupo”, disse Marquinho nesta manhã, em solenidade na Câmara dos Vereadores. A renúncia tem caráter irrevogável. Saindo do cargo, o prefeito não pode mais ocupar mandato de prefeito nesta gestão.

Ainda sobre a saída da prefeitura, ponderou o prefeito, sustentando que o município nada perde com sua retirada:

“Uma sequência natural, nós somos um grupo e um grupo é formado por pessoas. A partir do momento que essas pessoas estão sintonizadas e desenvolvem já um trabalho harmônico e unido com mais de cinco anos, não há nenhuma fratura no momento onde eu vou buscar o afastamento e Adriane irá assumir”.

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Marquinhos quer garantir pré-candidatura ao governo do Estado. Eleições estão marcadas para o dia 2 de outubro – Marcelo Victor

Algumas pessoas ligadas ao PSD, em declarações à imprensa, pediram para o prefeito repensar a renúncia. Antônio Lacerda, presidente municipal do partido do prefeito e o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde), primo de Marquinhos, chiaram com a decisão. Eles acreditam que o segundo mandato deveria ser cumprido.

Já Marquinhos Trad, numa de suas entrevistas, já falando como pré-candidato, disse que, em caso de vitória na eleição, pode “cuidar de Campo Grande, mesmo sendo o governador de Mato Grosso do Sul”.

Nesta manhã, no fim do evento da Câmara dos Vereadores, em conversa com a imprensa ele falou sobre coligação, renuncia, e possível secretariado em caso de vitória.  Veja alguns trechos:

  • Seu vice-prefeito, já tem algo definido?

Marquinhos — Conforme eu disse, há um novo instituto na política, criado nos últimos meses, da federalização, me parece que haveria vinculação do Alckmin [Geraldo, ex-governador de São Paulo, provável vice de Lula na corrida pela Presidência da República], é tudo cogitação por enquanto, então fica difícil dizer. Ele [Ricardo Ayache, presidente regional do PSB] está convidado, ele autorizou falar o nome dele, e nós estamos torcendo para que medidas impostas não dificulte ou não atrapalhe a nossa chapa que seria eu e o Ayache. [Ayache, presidente da Cassems, foi convidado para compor chapa como vice de Marquinhos, mas ainda não confirmou se aceita o convite]

  • E se ele não puder aceitar pelos compromissos com a Cassems, tem outro nome?

Marquinhos — O nome que virá ou que caso venha a surgir será um nome sem arranjo político, sem toma lá dá cá e sem fazer negócios com nosso Estado.

  • A gente viu que Riedel [Eduardo, pré-candidato ao governo pelo PSDB] fechou com o partido Republicanos, é quase certo que o Patriota vai fechar com o senhor, está conversando com outros partidos?

Marquinhos — Volto a repetir, eu não faço negócios na política, até porque o eleitor ‘entre aspas’ está muito descrente com os partidos políticos e, sobretudo, de coligações momentâneas. Volto a repetir, aqueles que estiverem ao nosso lado serão partidos que querem o melhor para nosso Estado e não apenas para fazer parte em cargos de um governo.

  • Se for eleito e assumir, tem membro da equipe atual da prefeitura que o senhor pretende levar para o governo, o secretariado?

Marquinhos — Vocês já estão me colocando no Parque dos Poderes [sede do governo] hein, é um bom sinal. Mas eu digo para vocês, minha preocupação agora é com o programa de governo, é com a gestão administrativa, com o programa que é possível ser entregue, sem mentira, sem falácia, com a política tributária justa, não pensei em nomes, penso em cuidar das pessoas.

  • Já deixou definido o que Adriane [Lopes, vice-prefeita] deve continuar tocando? E a Funesp, vai efetivar o Odair?

Marquinhos — O Odair é o secretário hoje, estou aguardando o João César Mattogrosso retornar e o Ademir seria o indicado pelo partido do PSDB, se for, ele é o nome ao qual me simpatizo, tem condições de estar a frente da Funesp porque é um nome do esporte.

  • O PSD vai com o PSB?

Marquinhos — É do Ayache né, o convite foi feito, agora se vier a federalização partidária, como eu ouvi na última semana que o Alckmin pode ir para o PSB e ser vice do Lula, aí com ‘certeza absoluta’ que não tem como porque vai vir lá de cima, a federalização você tem que obedecer lá de cima, não tem como.

  • E a coligação?

Marquinhos — Se não vier imposição lá de cima é possível sim, é nosso desejo.

  • Tem 11 dias de mandato, tem projeto que quer deixar pronto?

Marquinhos — Os projetos não têm o que inovar, é dar continuidade ao trabalho, é uma pessoa só, não tem Marquinhos contra Adriane, essa imagem que as pessoas têm é porque aconteceu com outros governantes, você vê, nosso governador [Reinaldo Azambuja] não conversa com o vice [Murilo Zauith]. Ele [Reinaldo] foi duas vezes candidatos e duas vezes teve que trocar o vice [no primeiro mandato, a deputada federal Rose Modesto era a vice]. Ele [Reinaldo] trocava os vices dele. a única que manteve a nossa gestão [Adriane, vice duas vezes] é porque a unidade é com coerência, não tem contratempo, não tinha sala de vice, coloquei a Adriane com minha esposa, na minha frente, porta a porta, uma ajudando a outra e a outra ajudando uma, é que as pessoas não estavam acostumadas a essa harmonia e às vezes causa dúvida.

  • Vai ter harmonia com o Ayache?

Marquinhos — Eu sou pessoa pacienciosa, que busca entender as dificuldades do outro, não sou chefe, converso com as pessoa e procuro mostrar a eles que a harmonia é o melhor caminho. Quando me elegi a primeira vez só tinha dois vereadores e, ao longo do tempo, já estavam jogando bola comigo. Vocês me conhecem, se eu tivesse apego ao cargo eu não sairia.

  • Vai se descompatibilizar dia 2 mesmo?

Marquinhos — É um afastamento, não descompatibilização. Me afasto até o dia 2, é apenas publicação no Diário Oficial, eu tô reorganizando ainda, ouvindo secretários, todas as pastas, eles têm que apresentar todas as metas que eles devem entregar até 31 de março e eles estão apresentando.

Com informações do Correio do Estado

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