Pentágono adverte sobre perigo iminente de guerra nuclear à medida que países expandem arsenais

Relatório do Pentágono diz que “há um potencial maior para conflitos regionais envolvendo adversários com armas nucleares em várias partes do mundo”, no entanto, EUA se retiraram de vários tratados sobre armas e estoques nucleares desde 2002.

Um manual recém-divulgado do Pentágono sobre operações nucleares alertou sobre um “potencial maior” de conflito envolvendo o uso de armas nucleares devido ao aumento de estoques nucleares e ao constante aprimoramento da sofisticação dos sistemas de distribuição nuclear.

O documento “Publicação Conjunta 3-72, Operações Nucleares Conjuntas”, foi apresentado em abril de 2020 pelo Estado-Maior Conjunto dos EUA (JCS, na sigla em inglês) e publicado na íntegra pela Federação de Cientistas Americanos (FAS, na sigla em inglês) esta semana com base na Lei de Liberdade de Informação.

O relatório aponta para a modernização dos arsenais nucleares da Rússia e da China e para os esforços bem-sucedidos da Coreia do Norte para criar sistemas de lançamento de mísseis capazes de atingir o território continental dos Estados Unidos.

Ainda segundo o documento, Pequim criou uma nova versão móvel estratégica de ogivas múltiplas de seu míssil nuclear DF-5 baseado em silo, enquanto sua última geração de submarinos de mísseis balísticos foi armada com novas armas nucleares. O país asiático também continuaria a trabalhar em um novo bombardeiro estratégico com capacidade nuclear. 

O Irã, de acordo com o documento, pode construir uma bomba nuclear em um ano se realmente quiser.

O manual também afirma que, embora Washington tenha procurado negociar reduções nos estoques nucleares desde 2010, “nenhum adversário em potencial reduziu o papel das armas nucleares em sua estratégia de segurança nacional ou o número de armas nucleares em campo”.

“[…] Como resultado, há um potencial maior para conflitos regionais envolvendo adversários com armas nucleares em várias partes do mundo e o potencial para uma escalada nuclear adversária em crise ou conflito”, afirma parte do texto.

Entretanto, vale lembrar, que foram os Estados Unidos que retiraram o país de tratados nucleares e financiou a expansão de seu arsenal nuclear e capacidade de entrega a níveis muito além dos de seus adversários em potencial. 

Washington retirou-se do Tratado de Mísseis Antibalísticos em 2002, saiu do Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês) em 2018, cancelou o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário em 2019 e ameaçou deixar o tempo se esgotar o Tratado Novo START com a Rússia no final de 2020, antes que o governo Biden concordasse em prolongá-lo por cinco anos.

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