A Índia registrou nesta quinta-feira (10/06) 6.148 óbitos por covid-19 em 24 horas, o maior índice do mundo, depois que um de seus estados mais pobres revisou suas cifras, incluindo também quem morreu da doença em casa ou em hospitais particulares.
Na véspera, o departamento de Saúde de Bihar, no leste do país, corrigiu seus dados, de um total de cerca de 5.400 mortes para quase 9.500.
O recorde mundial diário anterior cabia aos Estados Unidos, com 5.527 óbitos em decorrência da covid-19 em 12 de fevereiro.
Segundo o Ministério da Saúde indiano, depois das 94.052 novas infecções pelo coronavírus nas 24 horas anteriores, o país asiático computa agora 29,2 milhões de casos e um total de 359.676 óbitos, cifra inferior apenas às dos EUA e do Brasil.
Suspeitas de números reais muito mais altos
O Supremo Tribunal do grande estado de Bihar exigira uma auditoria das cifras relativas à pandemia seguindo alegações de que o governo local estaria ocultando a dimensão dos contágios e mortes pelo coronavírus.
Os mais de 4 mil óbitos acrescentados ocorreram em maio, e as autoridades estaduais estão investigando o lapso. Falando ao jornal britânico The Guardian, um funcionário municipal de saúde, que não quis se identificar, colocou a culpa nos estabelecimentos médicos particulares: “Essas mortes ocorreram 15 dias atrás e só foram carregadas agora para o portal do governo. Vai haver medidas contra alguns hospitais privados.”
Acusações semelhantes haviam sido apresentadas contra outros governos estaduais, depois de um surto recente do vírus Sars-Cov-2 que deixou os crematórios sobrecarregados, com centenas de cadáveres sendo jogados nos rios ou enterrados em valas rasas.
Como os sistemas de estatísticas da Índia já funcionam mal em tempos normais, especialistas suspeitam que a taxa de mortalidade real seja muitas vezes superior aos números oficiais, podendo chegar a 1 milhão. Acirra as suspeitas o fato de atualmente o país se encontrar “apenas” em terceiro lugar no ranking das mortes por covid-19.