O Fundo Russo de Investimentos Diretos (RFID) e a União Química, sua parceira no Brasil para produção da Sputnik V, adotaram estratégias contraditórias em documento enviado nesta quinta (29) a jornalistas.
O documento contém duas mensagens. Uma é a carta do chefe científico da União Química, Miguel Giudicissi Filho, ao presidente da Anvisa, sugerindo que a agência poderia ter analisado uma versão “falsificada” da Sputnik V. A carta tem a data de ontem (28).
Outro texto no mesmo arquivo traz mensagem da Human Vaccine, “uma subsidiária 100%” do RFID.
Segundo os russos, “[h]oje a Anvisa confirmou que não fez seus próprios testes da vacina”. Esta afirmação é verdadeira; o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, reiterou que a agência analisa apenas documentos, e não amostras de vacinas.
Portanto, no mesmo arquivo em que o fundo russo afirma que a Anvisa não analisou amostras da vacina, sua parceira União Química questiona se a agência usou “um produto falsificado”.
Esta não é a primeira contradição na estratégia para o Brasil dos fabricantes da Sputnik V.
Na terça (27), o perfil da vacina russa convidou representantes da Anvisa para um debate. No mesmo dia, Gustavo Mendes, da Anvisa, fez o mesmo convite aos russos. Ocorre que o embaixador da Rússia, que estava presente à reunião, se retirou durante a sessão. Uma representante do Instituto Gamaleya, que foi convidada, não falou com os deputados.
Hoje, em vez de debate, o papo era outro. O perfil da Sputnik V ameaçou iniciar contra a Anvisa “um processo judicial de difamação”.