Apesar de tentativas de diálogo sobre a implantação de mísseis de alcance intermediário e de curto alcance, a chancelaria russa diz não excluir “medidas de resposta técnico-militar”.
Os planos dos EUA e do Reino Unido de implantar mísseis terrestres de alcance intermediário e de curto alcance em várias regiões do mundo estão reduzindo o espaço de manobra para evitar uma grave escalada na esfera dos mísseis, disse Maria Zakharova, representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
Ela apontou que, nas últimas semanas, funcionários do Pentágono têm feito declarações cada vez mais frequentes sobre medidas práticas para implementar planos de rápido desenvolvimento e implantação de mísseis terrestres de alcance intermediário e de curto alcance em várias regiões do mundo, mísseis anteriormente proibidos pelo Tratado INF”. Segundo a representante, para além disso “os militares britânicos se juntaram a estas declarações e ações abertamente hostis e desestabilizadoras nessa área”.
Segundo Zakharova, tudo isso está acontecendo na ausência de sinais claros sobre este tema por parte da liderança política da nova administração dos EUA, bem como da grande maioria dos aliados norte-americanos na OTAN, que manifestam a sua concordância quanto a este assunto, que é decisivo para a segurança europeia.
O Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (também conhecido como Tratado INF) terminou em 2 de agosto de 2019, depois que o então presidente norte-americano Donald Trump saiu do acordo, que alegou ter sido violado por Moscou. Vladimir Putin, presidente da Rússia, anunciou posteriormente uma nova iniciativa para lidar com as crescentes tensões na Europa.
Em particular, a Rússia estaria disposta a não instalar mísseis 9M729 em Kaliningrado, na parte europeia da Rússia, sob a condição de medidas recíprocas por parte da OTAN. O presidente russo também sugeriu a verificação mútua dos sistemas Aegis Ashore da OTAN com lançadores de MK-41 nas bases europeias, bem como dos mísseis 9M729 nas instalações de Kaliningrado.
“As iniciativas russas permanecem sem uma resposta construtiva, tendo sido apresentadas propostas concretas para resolver as preocupações acumuladas pelas partes, através da introdução de moratórias sobre a implantação de mísseis de curto e médio alcance terrestres e acordando medidas mútuas para verificar o seu cumprimento”, comentou.
“Não estamos de forma alguma fechando a porta ao diálogo, mas nas circunstâncias atuais não descartamos que a Rússia seja forçada a mudar cada vez mais seu foco para a implementação de medidas de resposta técnico-militar às ameaças de mísseis emergentes”, afirmou Maria Zakharova, acrescentando que Moscou continuará “monitorando de perto” as tentativas de implantação de mísseis na Europa e na região Ásia-Pacífico.