Simone mantém candidatura e Nelson Trad deve apoiar Rodrigo Pacheco

A medida que a candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS) à presidência do Senado ganha força dentro do partido, as negociações no parlamento indicam que a bancada de Mato Grosso do Sul deve ir desunida para a reeleição.

Ontem, o PSD, partido do qual faz parte o senador sul-mato-grossense Nelson Trad Filho, fechou questão no apoio da candidatura de Rodrigo Pacheco (DEM-MG), candidato do grupo do atual presidente Davi Alcolumbre (DEM-AP), com o selo de governista, pois é mais benquisto pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

“O que a minha bancada decidir, irei acatar. Portanto, posso adiantar que iremos fechar questão em nome de Rodrigo Pacheco. Já fizemos esse acordo com o atual presidente e precisamos apenas formalizá-lo com os pares após reunião”, afirmou Nelson Trad Filho, em entrevista ao Correio do Estado.

Enquanto isso, o MDB, maior bancada do senado, com 13 integrantes, esboça uma divisão que poderá ser determinante na eleição da mesa diretora. 

Simone Tebet desponta como o único nome capaz de unir o partido na disputa, mas ainda há mágoas da eleição de 2019, quando ela travou uma disputa com Renan Calheiros (MDB-AL) pela candidatura e acabou apoiando Alcolumbre, que na época era rival de Calheiros.

Desta vez, Simone Tebet deve ir para a disputa alçada pelo movimento Muda Senado, com nomes da casa considerados “independentes”, e com parlamentares com grande poder de articulação, como Tasso Jereissati (PSDB-CE). 

Foi este movimento que, em 2019, elegeu Alcolumbre na disputa contra Calheiros.

Por causa do movimento, a senadora ganhou ainda mais projeção no parlamento. Nos últimos dois anos, Tebet ficou à frente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado, a mais importante da Casa de Leis.

Parlamentares ouvidos pelo Correio do Estado, apontam que a sul-mato-grossense é a candidata mais forte para derrotar Rodrigo Pacheco na disputa pela presidência.

A eleição

O Senado Federal conta com 81 senadores. Para a eleição do presidente, o postulante ao cargo deve alcançar maioria simples, ou seja, 41 votos. Um dos articuladores da campanha da senadora, revelou que hoje ela soma 34 votos, contando com a bancada emedebista e parlamentares que já se comprometeram a elegê-la.

Para vencer a disputa, a sigla precisaria de sair em busca de mais sete votos para alcançar a esperada maioria.

Procurada pelo Correio do Estado, a senadora não confirma esse cálculo. Tebet ainda tenta se viabilizar dentro do partido, pois a legenda busca um nome que agregue o maior número de bancadas para vencer a eleição.

“Não podemos escolher um nome pela paixão ou pelo estômago, pois a decisão deve ser feita de forma pragmática. Devemos avaliar o cenário, pois o nosso adversário tem a anuência do atual presidente, que é um peso importante, e também é o preferido do Planalto”.

“Ou seja, além da indicação de Alcolumbre, Pacheco ainda conta com a máquina do Planalto por trás dele, o que o torna um adversário muito forte”, argumentou.

Apesar dessas adversidades, a senadora avalia que o MDB tem boas chances de sair vencedor na disputa. 

Questionada pela reportagem se o MDB demorou a começar a fazer essa articulação, Tebet afirmou que, ao contrário da Câmara, o Senado tem outro ritmo, por se tratar de uma Casa com número de parlamentares menor.

Simone Tebet ainda afirmou que até o dia 12 deste mês a bancada já tenha definido um nome para a disputa, mas caso isso não ocorra, o partido pode ser prejudicado na corrida à presidência.

“Outro fator que difere, é que o Senado tem como prerrogativa ser um poder moderador e senadores buscam este equilíbrio. Apesar de o governo ter a maioria na Casa, nós entendemos que é saudável para a democracia a independência entre os Poderes, ou seja, o fisiologismo de compra de cargos, aqui existe muito pouco”, explicou.

Tradições

Ainda partindo do ponto do papel central do Senado, Tebet afirmou que a Casa, bem como o seu partido, tem tradições e eles devem ser seguidos.  

“O MDB, sempre foi o maior partido do País, e teve um papel fundamental de articulação em diversos governos ao longo da nossa história democrática. Devemos respeitar essa nossa prerrogativa e voltar a dirigir um dos Poderes mais importantes da República, o Senado”, argumentou.

“Por isso estamos analisando o candidato que reúne o maior número de votos fora da nossa bancada. Além disso, devemos respeitar o rito que sempre conduziu à casa. Ou seja, o partido com a segunda maior bancada assume a vice-presidência e a 1º secretaria, assim, consequentemente. Esses ritos não devem ser quebrados, mas sim, conservados”, encerrou.  

Correio do Estado procurou outra senadora de Mato Grosso do Sul, Soraya Thronicke (PSL), para saber como ela votaria nas eleições. Não obtivemos resposta até o fechamento da edição.

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