Depoimento de Marquinhos Trad deve ser o último ato de inquérito contra ele

Se não houver novo pedido de prorrogação, ex-prefeito deve depor nos próximos dias, antes da conclusão do inquérito.

O inquérito aberto pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Campo Grande, que apura denúncias de crimes contra a dignidade sexual supostamente praticados pelo ex-prefeito de Campo Grande e candidato ao governo de Mato Grosso do Sul Marquinhos Trad (PSD), deve ser encerrado nesta semana, apurou o Correio do Estado.  

Aberto no início de julho, o inquérito estaria em fase avançada e teria sua conclusão ao longo dos próximos dias. Para isso, porém, é necessário que a titular da investigação, Maíra Pacheco Machado, tome o depoimento do principal acusado: Marquinhos Trad.  

No mês passado, o inquérito foi prorrogado por mais 30 dias. Agora, a informação é de que a investigação não deve novamente ser estendida. O prazo para o encerramento do inquérito seria o dia 18, domingo.  

Na última semana ocorreram episódios que indicaram que o inquérito está se aproximando do fim. O mais recente foi uma entrevista coletiva realizada na semana passada pelas advogadas de Marquinhos, Andreia Flores e Rejane Alves de Arruda.

Na ocasião, elas anunciaram a abertura de uma outra investigação, a pedido delas, na 3ª Delegacia, para apurar uma suposta cooptação das vítimas. A defesa alega que uma das garotas recebeu dinheiro para denunciar os abusos do ex-prefeito.  

Marquinhos é investigado pela prática de crimes como assédio sexual, estupro e exploração sexual (prostituição).

Defesa

Na semana passada as advogadas de Marquinhos tiveram uma derrota, ao não conseguirem tirar a delegada Maíra Pacheco Machado do inquérito, em pedido indeferido pela juíza da 3ª Vara Criminal May Melke Amaral Penteado Siravegna.  

Na mesma investigação, o Poder Judiciário ainda atendeu parcialmente a um habeas corpus feito pelas advogadas de Marquinhos, excluindo da investigação vítimas que denunciaram supostos crimes na década passada. 

Apesar dos relatos destas mulheres, os atos não serão investigados por terem prescrevido (não podem mais ser punidos) ou pelo direito de denunciá-los ter cessado (decadência processual).  

O inquérito, contudo, continua. São quase 10 mulheres que relataram abusos sofridos por Marquinhos no período em que ele era prefeito. 

Algumas destas relações sexuais, as consentidas e também as tentativas de estupro (sem consentimento), teriam ocorrido no gabinete da Prefeitura de Campo Grande.  

Em quase todas elas, conforme indicam os diálogos e as perícias feitas pelo Instituto de Criminalística, haveria promessa ou negociação de valores ou cargos no município, além de juras de amor entre o ex-prefeito e algumas garotas.

Operações

A investigação também resultou em duas operações externas. Na primeira delas, no dia 10 de agosto, a Polícia Civil realizou busca e apreensão nas dependências da Prefeitura de Campo Grande. 

No dia 31 de agosto, o servidor comissionado da prefeitura Victor Hugo Ribeiro Nogueira, de 36 anos, foi preso preventivamente, em uma investigação conexa ao inquérito.  

Na sexta-feira (9), Victor Hugo foi indiciado pelos crimes de corrupção ativa de testemunhas, coação no curso do processo e favorecimento à prostituição. 

Ele continua preso. Victor Hugo teria atuado para fazer com que vítimas que denunciaram Marquinhos recuassem de seus propósitos. O rapaz chegou a trabalhar lotado no gabinete do prefeito no início desta década.  

Assim como desde o início do inquérito, a defesa de Marquinhos nega as acusações e reafirma que se trata de “armação política”. A Polícia Civil, a não ser por meio de notas ou entrevistas coletivas, manifesta-se muito pouco sobre o inquérito, que continua em sigilo.

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