A repercussão negativa das denúncias contra o ex-prefeito de Campo Grande Marquinhos Trad tem causado sérios problemas ao grupo político do pré-candidato do PSD ao governo do Estado. Na sessão de terça-feira (2), o vereador Otávio Trad, líder do PSD na Câmara Municipal, afirmou que não se pode admitir que “assédio sexual seja considerado crime”.
Ao utilizar a tribuna para defender o tio, o vereador disse, textualmente: “Agora, imputar questões pessoais, como se assédio fosse estupro e até mesmo questões criminais, nós não podemos admitir” (ver vídeo).
As denúncias contra o ex-prefeito, além de prejudicar a pré-candidatura ao governo, põe em risco a reeleição de Fábio Trad a deputado federal e a eleição de Otávio como deputado estadual. Tios e sobrinho são filiados ao PSD.
Entenda o caso dos assédios sexuais envolvendo o ex-prefeito da Capital
Conforme foi publicado pelo jornal Metrópoles, a Polícia Civil do Mato Grosso do Sul instaurou um inquérito policial para investigar denúncias de episódios de assédio sexual que teriam sido cometidos por Marquinhos Trad, ex-prefeito de Campo Grande e atual candidato do PSD ao governo estadual.
O procedimento foi aberto após apuração preliminar baseada no depoimento de quatro mulheres que procuraram a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) — três delas dizem ter se sentido assediadas. Trad nega as acusações e alega ser vítima de complô por liderar as pesquisas de intenção de voto.
Três dos relatos são parecidos. As denunciantes dizem que passavam por dificuldade financeira e foram atraídas para o gabinete da prefeitura com a promessa de emprego em órgão municipal. Elas narram que, uma vez no local, eram cortejadas pelo então prefeito, que fazia truques de mágica com baralho e, depois, manifestava o desejo por sexo. Das três mulheres que se dizem vítimas de Trad, duas afirmam ter mantido, por algum tempo, relações sexuais consentidas dentro do gabinete do prefeito.
A depoente W. afirmou em depoimento que foi levada por Trad ao banheiro do gabinete, mas que recusou a investida:
“QUE a declarante narra que MARCOS começou a tentar beijá-la passando a mão em seu corpo, mais precisamente em seus seios e, em seguida a empurrou para uma pia e abaixou as próprias calças; QUE a declarante alega que todo este ato foi muito rápido e a mesma estava apavorada, além disso, a declarante pode sentir que o mesmo estava com ereção e que tentou levar a sua mão ao seu órgão genital; QUE, diante da negativa da declarante em manter qualquer relação sexual com a pessoa de MARCOS, o mesmo vestiu as calças”, diz trecho da investigação preliminar feita pela Polícia Civil e à qual a coluna teve acesso.
Já a depoente X., que diz ter mantido relações consensuais com Trad por certo tempo, afirma que foi vítima de assédio meses após o término do caso extraconjugal com o então prefeito, quando ela já estava casada com outro homem. Segundo o relato, Trad, já ex-prefeito, teria tentado beijá-la à força, em 17 de junho deste ano, no atual comitê de campanha usado pelo candidato ao governo.
O relato de Y. se assemelha ao de X., com exceção de que, segundo Y., o então prefeito teria se recusado a usar camisinha durante o ato sexual, contrariando o que ela afirma ter pedido.
A declarante diz que, em quatro ocasiões, foi até a prefeitura devido a promessas de emprego feitas por Trad que nunca se concretizaram. E que, nessas visitas, houve relações sexuais consentidas dentro do gabinete.
Já Z., a quarta depoente, afirma nunca ter estado com Trad pessoalmente, e seu relato busca confirmar as versões “X” e “Y” pelo que ouviu de ambas.
Procurado, Trad negou as acusações e afirmou que nunca assediou sexualmente nenhuma mulher.
“Quanto mais eu consolido minha liderança nas pesquisas de intenção de voto ao governo estadual, mais ataques surgem. Tenho gravação de pessoas que foram procuradas para receber valores para contar histórias a meu respeito. Esses depoimentos [dados à Polícia Civil] têm o objetivo de abalar minha candidatura. Estou disputando contra o candidato do atual governo. Esses dias eu gravei vídeo de matança de índios no qual cobrei apuração porque a Polícia Militar invadiu a aldeia sem o mandado do juiz. E eu recebi do secretário de Segurança [uma mensagem que diz] o seguinte: ‘Ou você fica do lado da gente ou as coisas vão piorar’. Ele prenunciou que viria isso aí”, disse.
A coluna pediu a Trad acesso à suposta gravação e à referida mensagem, mas, até o final da edição desta reportagem, o material não foi enviado pelo ex-prefeito de Campo Grande.
Atualização: nesta quarta-feira (20/7), Marquinhos Trad enviou à coluna vídeo no qual uma mulher afirma ter sido abordada por pessoas da atual gestão estadual em busca de “vídeos ou conversas” que pudessem comprometê-lo. Em relato informal, ela afirma que, em uma das ocasiões, chegou a receber a proposta de R$ 150 mil. Trad pediu que o vídeo não seja divulgado para preservar a identidade da suposta informante.
Marquinhos não comparece em coletiva de imprensa, e defesa alega armação
Denunciado por assédio, o ex-prefeito de Campo Grande, Marcos Trad, se manifestou por meio de advogadas, não comparecendo a coletiva de imprensa convocada por ele.
As advogadas de defesa do ex-prefeito de Campo Grande e pré-candidato ao Governo do Estado, Marquinhos Trad (PSD), disseram, em coletiva realizada na manhã desta terça-feira (26) afirmaram que o caso se trata de armação da oposição.
Elas afirmaram que tem provas concretas que as denúncias de assédio sexual contra o político é armação, mas que não poderiam apresentar essas provas sem a permissão das pessoas envolvidas.
Rejane Alves de Arruda e Andrea Flores, as profissionais à frente do caso, disseram terem tido acesso ao inquérito apenas na última sexta-feira (22), quando ainda eram quatro denunciantes, e afirmaram que as mulheres que fizeram tais denúncias foram pagas por outro partido com a finalizade de prejudicar Marquinhos na corrida eleitoral.
Ex-prefeito fala em retaliação mais confirma caso extraconjugal
Para a Revista Veja, a equipe de Marquinhos afirmou que as acusações de assédio que vem sofrendo são uma retaliação da secretaria de segurança após o ex-prefeito criticar ação da Polícia Militar do estado que culminou na morte de um indígena da etnia guarani-kaiowá, no fim de junho.
Depois disso , Trad se tornou alvo de uma investigação da Polícia Civil sobre supostos abusos sexuais que o ex-prefeito teria cometido em 2020, quando ainda era prefeito. Ele nega as acusações, feitas por ao menos três mulheres em depoimento à Polícia Civil.
Porém ex-prefeito e pré-candidato ao cargo de governador de Mato Grosso do Sul pelo PSD, Marquinhos Trad, confirmou ao site Metrópoles que teve caso extraconjugal e relações consentidas com umas das denunciantes. Entretanto, nega que a relação sexual ocorreu dentro do gabinete.
“Dentro do gabinete nunca teve [sexo]”, disse ao portal nacional.
Segundo as mensagens eles, supostamente, teriam se encontrado na prefeitura. Na manhã do dia 12, a mulher comunicou o ex-prefeito de que estava a caminho da prefeitura e questiona se o encontro ocorreria no 2º andar. Informação que foi confirmada por Trad. Duas horas depois, a denunciante inicia nova conversa na rede social indicando que teria aprovado o encontro, assim como Marquinhos.
Policia Civil desmente que são fake news
A coletiva dada pela Policia Civil de Mato Grosso do Sul, com a presença da delegada Maíra Pacheco da DEAM (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), Dr. Roberto Gurgel, Delegado-Geral da Policia Civil de MS e o Diretor de Delegacia Especializada, Dr. Edilson Pereira Santos, dada hoje (26), ressaltaram a importância do sigilo e proteção das mulheres que estão contribuindo com o inquérito aberto contra o ex-prefeito Marquinhos Trad e que denúncias não são fake news.
Durante a coletiva a delegada falou da preocupação em manter a segurança das mulheres que estão sendo ouvidas no inquérito e afirmou estarem seguras. “A investigação corre em segredo de justiça e enquanto investigarmos manteremos a dignidade e integridade das mulheres”, afirmou a delegada.
Questionados sobre as primeiras denúncias feitas por quatro mulheres serem ou não verídicas, o delegado afirmou que estão apurando e que consideram todas as denúncias e garantiu que não são falsas. “Seremos incisivos que esta é uma investigação policial e aqui não é política. Há um prazo para que as diligências sejam cumpridas e assim faremos”, destacou o delegado Roberto Gurgel.