A Cúpula do Fracasso

Cuba, Venezuela, Nicarágua e México ameaçaram não participar do encontro de lideranças de países das Américas

A Cúpula das Américas se inicia nesta segunda-feira, 6. Até domingo, no entanto, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, não havia confirmado os chefes de Estado que participarão do encontro. “A desordem é uma metáfora para a política externa de Biden na região”, disse a colunista Mary Anastasia O’Grady, em artigo publicado no The Wall Street Journal.

Desde 1994, nenhuma edição do evento foi realizada em solo norte-americano. Agora, o democrata calculou que uma reunião no sul da Califórnia, depois de 28 anos, seria um sucesso inevitável. Mais um erro de Biden.

Como observa a colunista, um encontro desse tipo deveria refletir a força dos EUA e o compromisso de Washington com os ideais ocidentais de liberdade, prosperidade e segurança. “A reunião do presidente Biden nas Américas está mostrando o oposto: a fraqueza do país em meio às ameaças de boicote por oponentes do capitalismo democrático e da liberdade de expressão”, afirmou.

Cuba, Venezuela e Nicarágua não são apenas ditaduras. Esses países também prendem, torturam, exilam e às vezes executam oponentes. Espalhar o terror em casa não é suficiente, diz Mary; aqueles países exportam a revolução e alimentam a instabilidade no continente, de maneira a destruir a liberdade.

“A cúpula dá aos EUA a oportunidade de falar com clareza moral contra esses regimes assassinos, enquanto promovem a democracia e o Estado de Direito”, escreve a colunista. “Mas, com a maré vermelha se espalhando pela América Latina, o governo Biden — sem leme — parece perdido no mar.”

Um grupo de países, liderado pelo México, disse que, se Cuba, Venezuela e Nicarágua não forem incluídos na cúpula, seus chefes de Estado não comparecerão. “Alguns desses países são irrelevantes”, ressaltou Mary. “Alguém se importa se o primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, um país que rouba a Venezuela por petróleo e treme diante do regime cubano, não aparece?”

Espera-se que outras nações apoiem Biden. No topo dessa lista, está a presidente de Honduras, Xiomara Castro, esposa do ex-presidente Manuel Zelaya, deposto em 2009 por violar a Constituição. “Na época, os EUA apoiaram a ilegalidade”, observou a colunista. “Desde que Castro assumiu o cargo, os EUA se curvaram para apoiar o poderoso casal de esquerda, que recebe ordens de Havana.”

Brasil e Guatemala, ambos com governos de direita democraticamente eleitos, vão participar do evento. O presidente Jair Bolsonaro, a quem Biden esnobou desde que foi empossado, originalmente não iria. Depois de a Casa Branca oferecer uma reunião com o democrata, no entanto, Bolsonaro cedeu.

“O presidente guatemalteco Alejandro Giammattei também está ofendido porque os EUA estão intimidando seu procurador-geral”, afirmou Mary. “A procuradora está investigando alegações de corrupção contra o ex-promotor Juan Francisco Sandoval, um aliado próximo de Todd Robinson, ex-embaixador dos EUA na Guatemala.”

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, insiste que não irá ao encontro se os três ditadores não forem convidados. A resposta correta a essa ameaça seria os EUA declararem que a cúpula tem padrões a serem seguidos. Em vez disso, os representantes da Casa Branca não disseram se o governo cederia às exigências de López Obrador.

Não há muitas coisas interessantes nessas cúpulas. Mas elas poderiam simbolizar uma crença compartilhada na dignidade humana e na esperança. Biden desperdiçou todas as oportunidades, no entanto.

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