O que Alckmin e Lula diziam um do outro quando não eram aliados

Em debate transmitido pela TV Bandeirantes, por ocasião das eleições de 2006, o ex-tucano e o petista trocaram farpas

Circula nas redes sociais um vídeo antigo, da época em que o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não eram aliados políticos. Em debate transmitido pela TV Bandeirantes, por ocasião das eleições de 2006, os então candidatos ao Palácio do Planalto trocaram farpas durante o tempo que tiveram para apresentar suas propostas.

Assista ao vídeo

As críticas de Alckmin a Lula continuaram desde aquela época. Em 2018, durante a campanha presidencial, o ex-tucano pediu que a população não votasse no petista. “Está em suas mãos evitar que a corrupção, a roubalheira e o ‘petrolão’ voltem a comandar o país. E evitar também o fim da Lava Jato”, disse o ex-governador. Em determinado trecho do vídeo, Alckmin qualifica Lula, hoje seu cabeça de chapa, como “condenado por corrupção”.

Longa história

Em 2006, quando Lula tentava a reeleição à Presidência, seu principal concorrente era Geraldo Alckmin. Durante um debate entre os dois candidatos ao Palácio do Planalto, o ex-tucano definiu o governo petista da seguinte maneira: “Parado na economia e acelerado nos escândalos”. Em outro, Lula denunciou a existência de focos de corrupção na gestão estadual comandada pelo oponente. “De corrupção você entende”, rebateu Alckmin.

Nos meses seguintes, Lula passou a reclamar do “baixo nível” dos debates. “Não pensei que estava na frente de um candidato”, observou. “Pensei que estava na frente de um delegado de porta de cadeia.”

Alckmin reagiu. “O tom não foi agressivo”, salientou. “Estou absolutamente zen. Inclusive, dormi tranquilo. Estou com a consciência tranquila. O Lula não pode achar que é normal essa mentirada toda que fala pelas costas. Eu falo a verdade — e frente a frente.”

O petista apostou na tréplica. “O projeto deles é de pessoas que falam de nariz em pé e com arrogância”, criticou. “Isso é muito pobre. Alckmin é uma sanfona quebrada, que faz o mesmo som de arrogância na campanha inteira.”

Doze anos depois

Em agosto de 2014, após a escolha de Alexandre Padilha como candidato petista ao Palácio dos Bandeirantes, uma coluna publicada no site da revista Veja constatou que, em São Paulo, o PT não lança candidatos a governador; lança ameaças. “A afirmação se apoiava na fila puxada por Lula em 1982 e engrossada, nos anos seguintes, por gente como José Dirceu, Marta Suplicy, José Genoíno ou Aloizio Mercadante”, explicou Augusto Nunes, em artigo publicado na Edição 106 da Revista Oeste. “Posso usar essa frase na minha campanha?”, perguntou Alckmin ao colunista. Liberado, o tucano usou a expressão para lembrar que Padilha era o perigo da hora.

E a troca de farpas seguiu até 2022, quando Alckmin e Lula deram as mãos.

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