Por que adversários querem Rose Modesto como vice nas eleições

Frenética ascensão política, batuta no voto e com cargos exercidos que exigiram diálogo com eleitores ao longo de sua trajetória

Episódio inabitual na política sul-mato-grossense ocorre já nos preparativos da disputa pelo governo do Estado deste ano: entre três pré-candidatos de siglas vigorosas e com chances de chegada, três querem compor chapa com uma adversária, a deputada federal Rose Modesto, que concorre ao governo pelo União Brasil.

Na linguagem política, o desejo pelo trato ofertado à “opositora”, no caso, tem significado prático: Rose é tida como “bom partido” no pleito de outubro. 

“Inflaram a bola dela. Bom para ela, notaram sua importância diante das urnas”, disse um antigo político, já sem mandato, que, por “transitar” entre os pré-candidatos, incluindo a parlamentar, não quis ver o nome publicado.

Contudo, pelo andar da carruagem, o propósito do trio só não segue adiante por um senão, também inusitado: os postulantes ao cargo público mais importante de MS impuseram uma condição à, “por agora”, benquista Rose Modesto.  

Os pré-candidatos só querem ela do lado, desde que como vice em uma eventual chapa. E isso ela já rejeitou repetidas vezes.

O Correio do Estado elencou algumas ações e qualidades políticas de Rose que poderiam fundamentar tamanho assédio político pela deputada federal, que proclama desde o ano passado: “Vou ser a primeira governadora de Mato Grosso do Sul”.

Eduardo Riedel (PSDB), Marquinhos Trad (PSD) e André Puccinelli (MDB) são os pré-candidatos que querem Rose em uma aliança. Nenhum deles, até agora, a cinco meses da eleição, escolheu de vez vices, a não ser a tentativa frustrada de atrair o apoio da deputada federal.

VIDA POLÍTICA

Rose Modesto estreou na política em 2008, como vereadora de Campo Grande. Sete anos depois, a então parlamentar virou vice-governadora no primeiro mandato do governador Reinaldo Azambuja (PSDB). 

No meio do caminho, em 2012, reelegeu-se vereadora, uma das mais bem votadas, indicativo forte de que seria boa em briga eleitoral.

Como vice, cargo que assumiu em janeiro de 2015, foi indicada por Azambuja para ocupar o cargo máximo da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho, pasta que mexe geralmente com famílias carentes. E que votam.  

Dali saiu em abril do ano seguinte, 2016, com a intenção de dar outro salto na carreira. Ela concorreu à Prefeitura de Campo Grande. Perdeu no segundo turno para o ex-prefeito Marquinhos Trad, que agora a quer como aliada, mas como vice. Retornou à vice-governadoria.

Daí, então, Rose resolveu ficar fora da disputa como vice-governadora, em 2018, e rumou para uma outra instigação política, a de concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados. 

Deu certo. Elegeu-se como a deputada federal mais bem votada, superando o desempenho eleitoral de políticos com décadas de estrada.

Em 2020, retomou o desejo por administrar Campo Grande, mas, por imposição do partido, o PSDB, que apoiou candidato de outra legenda, não pôde concorrer a prefeitura. A partir dali, segundo disse ao Correio do Estado, ela deu início ao plano de se tornar governadora de MS. Lá se foram dois anos, e, agora, disse não ter conversa a não ser sua candidatura como cabeça de chapa na corrida pela sucessão estadual.

Filha de pequenos agricultores, nascida em Fátima do Sul, interior de MS, a deputada, antes de investir na política, formada em História, dava aulas e desenvolvia trabalhos sociais com seus alunos. Tocava projetos, como o Aprendendo com Música e o Tocando em Frente, que disponibilizam aulas de Artes, esportes e reforço escolar.

No fim do ano passado, ela divulgou abertamente a vontade de sair do ninho dos tucanos, que já haviam escolhido Eduardo Riedel como o pré-candidato ao governo. Bastou. Assediada por mais de um partido, o MDB de Puccinelli entre eles, resolveu assinar ficha no União Brasil, o partido que juntou o DEM ao PSL.

Assim que disse que ia concorrer ao governo, dissidentes do atual governo tucano formaram uma rede de apoio para a campanha dela. Ex-aliados do PSDB e, consequentemente, da gestão estadual hoje participam do arco de sustentação da pré-candidata.

NADA DE ERRO?

Rose Modesto, já como vice-governadora, enfrentou uma investigação conduzida pelo Ministério Público Estadual no âmbito da Operação Coffee Break, deflagrada para apurar um suposto golpe sofrido pelo ex-prefeito de Campo Grande Alcides Bernal.

Bernal foi cassado pela maioria dos vereadores, em 2014, período que Rose ocupava mandato Câmara Municipal de Campo Grande, razão por ter virado alvo dos investigadores. 

A agora pré-candidata ao governo foi uma das parlamentares a votarem pela cassação de Bernal. Pela investigação, os vereadores que determinaram a saída do então prefeito receberam, em troca do voto, benefícios em dinheiro e cargos.

A apuração seguiu, Bernal teve o mandato de volta, a operação fragilizou e, até hoje, ninguém foi punido. Rose disse à época que seu voto tinha amparo técnico porque uma comissão processante havia optado pela cassação do prefeito. 

Alcides Bernal caiu por denúncias que o acusaram por supostas irregularidades em contratos emergenciais, como compra de merenda escolar e combustíveis.

120.901 Votos em 2018

Nas últimas eleições, Rose Modesto, então no PSDB, foi a candidata a deputada federal mais votada na ocasião. Teve 120.901 votos e, entre os eleitos, foi a única parlamentar por Mato Grosso do Sul que ultrapassou a barreira dos 100 mil votos.

Com informações do Correio do Estado

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