Pré-candidata ao governo de Mato Grosso do Sul, Rose Modesto (União Brasil) quer fazer história sendo a primeira mulher a comandar o Estado, maratona por cinco municípios por dia e se apresenta como o nome capaz de fazer o desenvolvimento econômico se refletir no bolso da população. Na métrica da dignidade, ela defende que não adianta dinheiro público parado se o sul-mato-grossense não conseguir fazer três refeições por dia.
“Mato Grosso do Sul é um dos estados mais ricos do Brasil, forte no agronegócio, segundo maior exportador de carne, ajuda a alimentar o mundo, mas ainda tem mais de 21% da população que não consegue ter mais de meio salário mínimo de renda per capta. Quem ganha isso não consegue comer três vezes ao dia. Não é possível morar num Estado tão rico e ter gente morando embaixo de lona e sem um banheiro decente. Por isso, quero estar no Poder Executivo, onde tem a caneta.”
No ritmo de pré-campanha, Rose Modesto faz maratona por Mato Grosso do Sul. Já percorreu 32 municípios e, até o mês de junho, completa o circuito pelas 79 cidades para discutir o plano de governo “MS que Queremos”. A agenda de pré-candidata é cumprida de sexta a domingo. No restante da semana, volta a Brasília, onde tem mandato de deputada federal. Por enquanto, não pretende se licenciar do cargo.
Grande dinheiro – Representante do União Brasil, o partido que conta com a maior fatia do fundo partidário nacional (R$ 770 milhões), Rose nega que terá uma campanha nadando em dinheiro e pretende arrebanhar voluntários.
“O meu foco tem sido conseguir organizar uma campanha tocada com voluntários. Até porque o recurso numa eleição é importante, mas se você não tiver de fato a população querendo que você chegue lá, você não consegue nunca substituir a força do sentimento popular. Vamos tocar a campanha com o recurso que vier. Meu foco não é o grande dinheiro do União”, diz.
Rose conta que foi convidada a entrar na política quando era professora em sete escolas e, na ótica da liderança que a contatou, poderia trazer votos ao partido. Acabou eleita com mais votos do que o anfitrião na sigla. Nas Eleições 2022, trocou de partido para conseguir concorrer e rechaçou os convites para ser vice em chapas lideradas por homens.
Rose Modesto tem 44 anos e já foi vice-governadora de Mato Grosso do Sul. (Foto: Marcos Maluf)
A gente precisa ter coragem de se colocar na posição de ir [ser candidata], não é fácil fazer uma disputa como essa. Muita gente querendo que eu seja vice de novo e eu já disse que não serei vice. Hoje, todos os pré-candidatos me convidam e gostariam que eu fosse vice, os candidatos homens.”
Rose tem 44 anos, é solteira e dedica os momentos de lazer à música. A pré-candidata foi vereadora e vice-governadora.
Evangélica, ela afirma que não vê problemas entre o estado laico e uma gestora que professe sua fé. “Quando as pessoas votam em mim, elas votam sabendo quem eu sou, inclusive, sabendo da minha fé e do meus princípios de vida. Sou do segmento evangélico e que pratica o cristianismo. O cristão autêntico governa para todo mundo. Não vou impor minha religião para ninguém.”
Finanças – De acordo com Rose Modesto, Mato Grosso do Sul arrecadou R$ 25 bilhões em 2021, teve despesas fixas de R$ 18 bilhões e R$ 7 bilhões de superávit para investimento.
“Mas governo não é banco. Esse dinheiro precisa chegar nessa grande roda gigante do setor produtivo. Além de não aumentar impostos, o nosso compromisso é fazer estudo para reduzir alíquota de alguns produtos. O Estado vai ter menos e o povo mais ter mais, o dinheiro tem que chegar à casa de cada um”, diz a pré-candidata.
Caso eleita, Rose afirma que o primeiro ato do seu governo vai ser remuneração igual para professores concursados e contratados.
Vice – A definição do vice na chapa virá no fim de junho. A intenção é que seja homem e representante da Grande Dourados, macrorregião com 32 municípios. O quadro é decidido em conversas entre União Brasil, Podemos e Avante. Um dos nomes ventilados é de Murilo Zauith (União Brasil), atual vice-governador.
Na eleição presidencial, o União Brasil buscava apoiar a chamada terceira via, mas, recentemente, Luciano Bivar, que comanda o partido, anunciou pré-candidatura a presidente do País. “Ele se colocou à disposição para fazer o debate, mas ainda não é uma decisão tomada.”