Meirelles: ‘Guedes faz o que consegue, mas perdeu poder’

Segundo o ex-ministro da Fazenda, atual chefe da Economia 'está atendendo a todos os desejos' de Jair Bolsonaro

O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, que atualmente comanda a Secretaria da Fazenda e do Planejamento do Estado de São Paulo, afirmou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, vem fazendo o possível, mas perdeu muitos poderes por ter de atender aos anseios do presidente Jair Bolsonaro.

As declarações de Meirelles foram dadas durante entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, nesta quarta-feira, 12.

“O ministro Paulo Guedes faz o que consegue. Evidentemente, ele perdeu muito poder”, disse o ex-presidente do Banco Central (BC). “O que está acontecendo, na prática, é que a teorização está muito boa, mas a execução não está sendo bem feita. Está sendo fraca.”

Na avaliação de Meirelles, como Guedes “está atendendo a todos os desejos do presidente”, o resultado é “uma série de desarranjos fiscais que estão influenciando o crescimento e a inflação”. 

Meirelles comentou as afirmações do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, que lembrou dos efeitos da pandemia de covid-19 sobre a cadeia global de produção, o que gerou inflação em diversos países do mundo. Em 2021, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou em alta de 10,06%

“Houve, de fato, um problema na cadeia global de produção. A pandemia desorganizou muito isso. Aumentou a demanda mundial e aumentaram os preços internacionais de diversos produtos que o Brasil importa, como combustível e alguns alimentos, e que o país exporta, como as commodities de maneira geral”, concordou o ex-ministro. 

“Como o Brasil é um grande exportador de commodities, normalmente o que ocorre é que, quando há um aumento do preço internacional, há um aumento em dólares. Mas isso aumenta o valor das exportações brasileiras, o que faz com que o dólar caia na sua cotação diante do real”, prosseguiu Meirelles. 

“Isso normalmente compensa essas variações internacionais de preço. Desta vez, devido a uma série de inseguranças em relação às questões fiscais, de precatórios, de furar o teto de gastos, não houve a queda do dólar. Ficou alto pelas incertezas fiscais, e isso levou ao aumento da inflação”, concluiu o secretário da Fazenda do governo paulista. 

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