A Comissão de Relações Exteriores do Congresso peruano declarou o ex-presidente boliviano, Evo Morales, “persona non grata” por “seu ativismo político negativo no Peru”.Diante de acusações como “dar declarações a respeito de temas sensíveis que dividem a população peruana, tais como uma assembleia constituinte para ‘refundar o país'”, e “estatização de recursos naturais”, a comissão aprovou três medidas em documento divulgado nesta segunda-feira (22), pelo Twitter de seu presidente, Ernesto Bustamente.Outro motivo explicitado no comunicado chega até a Runasur, plataforma sul-americana de movimentos sociais que Morales vem promovendo, cuja reunião seria realizada na cidade peruana de Cusco, entre os dias 20 e 21 de dezembro.
O documento inédito determina primeiro, declarar o fundador do Movimento ao Socialismo (MAS), Juan Evo Morales, “persona non grata”; segundo, solicitar aos ministérios do Interior e da Defesa o cumprimento do acordo; e, em terceiro, comunicar à Mesa Diretora do Congresso da República do Peru para os trâmites administrativos e regulação pertinente.
Membro do partido de direita Fuerza Popular, Ernesto Bustamante, declarou Evo como persona non grata nas redes e postou o ofício endereçado “às autoridades competentes”.
A Comissão de Relações Exteriores do Congresso do Peru aprovou hoje [22] por maioria um acordo que declara o cidadão boliviano Evo Morales Ayma persona non grata no Peru.Diante do anúncio, o ex-presidente boliviano respondeu dizendo que os dois países “são irmãos com laços históricos e inquebrantáveis de luta pela dignidade e soberania” e acrescentou que a “unidade e solidariedade” vêm antes do que é expresso pelo grupo de parlamentares. “Esperamos que não sejam [as declarações] fruto do racismo”, acrescentou.
Bolívia e Peru são irmãos com laços históricos e inquebrantáveis de luta por dignidade e soberania, por exemplo, em tempos de confederação Peru-Boliviana. Unidade e solidariedade estão acima de qualquer afirmação de um grupo de parlamentares, esperamos que não seja fruto do racismo
Evo Morales e Peru
O líder boliviano entrou no país vizinho a pé no dia 26 de julho para assistir dois dias depois à posse do esquerdista como novo presidente e declarou que esteve em “contato permanente” com Castillo durante a campanha e que houve coincidências “políticas e programáticas”.Posteriormente, em agosto passado, o líder boliviano esteve na cidade peruana de Arequipa, onde participou do Primeiro Congresso Nacional da Juventude. A partir daí, manifestou seu acordo com a convocação de uma Assembleia Constituinte no país andino, que foi uma das promessas de campanha de Castillo. “É uma nova refundação do Peru, como foi feito na Bolívia”, disse.