Descumprimento de acordo pela direção do Podemos faz Marcelo Iunes ter passagem relâmpago pelo partido
Cinco meses depois de assinar a ficha de filiação no Podemos, já como vice-presidente regional do partido, o prefeito de Corumbá, Marcelo Iunes, ex-PSDB, decidiu, em “caráter irrevogável”, segundo ele, que não quer mais integrar a legenda.
A curta estadia na sigla teria como pano de fundo, conforme o prefeito, a quebra em um acordo que havia selado com a direção de seu novo partido.
Iunes afirmou ter condicionado sua saída do PSDB desde que o Podemos concordasse em apoiar o candidato ao governo do Estado, no ano que vem, indicado pelo governador Reinaldo Azambuja.
Contudo, o Podemos tem contrariado o desejo de Iunes, ou seja, anunciou que pretende lançar candidatura própria.
E a concorrente seria a deputada federal Rose Modesto, tucana que estaria prestes a abandonar o ninho dos tucanos.
“A minha saída do Podemos é certa, o motivo é que o partido Podemos vai lançar candidatura própria e eu tinha apalavrado com o governador que apoiaria Eduardo Riedel [secretário de Estado, pré-candidato ao governo]. Ainda não sei se volto ao PSDB ou ingresso em algum partido que vai fazer coligação com o PSDB”, argumentou o prefeito corumbaense.
Marcelo Iunes afirmou ainda que perto da data de sua filiação já havia avisado a deputada Rose Modesto que o ingresso no Podemos não representaria seu apoio à candidatura da parlamentar. Isso poderia ocorrer se Riedel não fosse o candidato indicado pelo governo.
Ainda segundo o prefeito, assim que deixou o PSDB soube da direção do Podemos que o nome da deputada seria uma espécie de “segunda via do governador”.
Ou seja, Rose poderia ser a escolhida candidata ao governo desde que não houvesse outra opção definida entre os tucanos.
Como o governo trabalha a ideia de lançar a candidatura do secretário Eduardo Riedel, o prefeito de Corumbá viu-se “traído”.
“Queria acrescentar que sempre serei agradecido ao partido, pois fui bem recebido, e que infelizmente não pude ficar por ter apalavrado meu apoio ao Riedel”, afirmou o prefeito.
Iunes deixou claro sua afinidade política com o governador Azambuja ao comentar seu rumo partidário daqui em diante: “não conversei com nenhum partido ainda, e acho provável minha volta ao ninho tucano, mas prefiro esperar um pouco para decidir junto com o governador.
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PODEMOS CRITICA
O presidente do Podemos em MS, Sérgio Murilo, que atuou por breve período, no segundo mandato, no primeiro escalão do governo Azambuja, disse que concordaria com a decisão do prefeito de Corumbá, de abandonar a legenda, desde que esta fosse influenciada por “viés ideológico”.
Para Murilo, a saída do prefeito tem sido vista como uma “atitude antirrepublicana”. A rejeição ao apoio à candidatura da deputada Rose pode ter sido uma espécie de advertência imposta pelo governador.
O presidente do Podemos afirmou que “canta, cacareja” pelos quatro cantos do Estado, desde 2019, que era plano do Podemos apoiar a candidatura de Rose Modesto ao governo.
“Não é desconhecimento [o apoio à deputada] de ninguém. Ele [Iunes] é quem tem de se explicar agora [sobre a saída do partido]”, atacou Murilo.
O apoio à candidatura de Rose tem a ver com a filiação do ex-juiz federal Sergio Moro, provável candidato à presidente da República pelo Podemos.
Em Brasília, parte dos políticos vê o Podemos como uma legenda sem posicionamento e que costuma dançar conforme a música do momento.
Já o pré-candidato Moro diz que a intenção a partir de agora é defender a moralização da política.