Mato Grosso do Sul tem 60 pessoas internadas por Covid-19, e apesar de o número parecer baixo, 23% dos hospitalizados pela doença são indígenas, o que indica um possível surto do vírus nas aldeias, segundo o secretária de estado de Saúde (SES), Geraldo Resende.
De acordo com o secretário, o Estado enviou ao Ministério da Saúde um pleito, pedindo autorização para imunização imediata da população indígena acima de 18 anos. “O surto acontece em Dourados, Carapó, Paranhos e Tacuru”, falou Geraldo Resende.
Na atualização do boletim epidemiológico, além dos casos internados foi revelado a taxa de ocupação dos leitos em cada cidade: Campo Grande (56%), Dourados (70%), Três Lagoas (49%), Corumbá (53%).
Estado ainda registrou hoje mais 4 óbitos por Covid, 3 são de Campo Grande e 1 de Ladário. Além disso mais 90 casos foram registrados, sendo a maioria de Amambai, sete Quedas e Caaarapó.
Surto começou em aldeia
Ainda de acordo com o secretário de saúde de Tacuru, o novo surto de Covid na cidade foi iniciado dentro da comunidade indígena. “Os primeiros focos começaram nas aldeias indígenas do nosso município, que é um cenário que tem acontecido também em outras cidades, chegando também em outras localidades aqui”, comenta Graziano.
Em entrevista transmitida pelos canais da Secretaria de Estado de Saúde (SES), no último dia 29 de outubro, o secretário estadual de saúde, Geraldo Resende, disse que havia um surto de casos nas aldeias indígenas de Dourados, a 229 quilômetros de Campo Grande, que tem a maior reserva indígena urbana do país. No município, as aulas presenciais estão suspensas desde o dia 27 de outubro, por conta da alta de casos.
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Autoridades em saúde se reuniram na capital, na última terça-feira (9), para debater ações que podem ajudar a conter o surto nas aldeias, especialmente em Dourados. Representantes do Distrito Sanitário Especial Indígena de Mato Grosso do Sul (Dsei-MS), Corpo de Bombeiros e da Secretaria de Saúde do estado participaram do encontro.
Ficou definido que os órgãos de saúde estadual e municipais devem ampliar ações para frear o avanço da doença nas aldeias, com a intenção de manter um trabalho conjunto com as direções de escolas estaduais e municipais de Dourados, e que já teve início, com testes de identificação da Covid e vacinação de adolescentes.
Os participantes ainda reforçaram a necessidade da ajuda de lideranças indígenas para manter o isolamento de contaminados e evitar aglomerações e festas. De acordo com a secretária adjunta de saúde do estado, Crhistinne Maymone, as aulas presenciais que foram suspensas nas 10 escolas indígenas devem ser retomadas nesta quinta-feira (11), para 3,8 mil estudantes.
A população indígena estava entre os grupos prioritários no início da vacinação, porém, com o início da aplicação da dose de reforço em agosto deste ano, a comunidade indígena ainda não entrou neste processo. “Esse surto poderia ter sido evitado se tivesse iniciado a imunização das comunidades indígenas ao mesmo tempo. Aconteceu muito mais cedo na população não indígena do que na indígena, não por falta de cobrança à Sesai e Dsei, fizemos vários pedidos e interlocuções, mas tivemos respostas tardias”, disse o secretário Geraldo Resende.
Segundo o Dsei, 128 indígenas estavam com Covid e em isolamento social nesta terça-feira (9), enquanto 5 estavam internados em leitos clínicos e 4 em leitos de UTI. Conforme os dados do Distrito, 4.906 indígenas foram infectados com a Covid desde o início da pandemia, com 108 óbitos.
Situação
De acordo informações do DSEI repassadas à SES, o DSEI realizou 428 testes de antígeno ligados ao surto, sendo que 394 foram descartados e 34 positivos para a Covid-19. Já o Polo Indígena, ofertou 749 testes de antígeno, com 91 casos positivos. O DSEI ainda informou que 82% dos casos positivos ocorreram na Aldeia Jaguapiru, 15% na Aldeia Bororó e 3% nos acampamentos localizados em torno das aldeias.
A SES informa ainda que tem acompanhado de perto a situação nos municípios de Tacuru e Caarapó, onde o DSEI tem ampliado a testagem e monitorando os casos nessas regiões.