China, Rússia e Índia travam meta de neutralidade de emissões

Não foi o Brasil de Jair Bolsonaro que impediu que a reunião de cúpula do G20, encerrada no domingo 31, em Roma, obtivesse maiores avanços na agenda climática e compromissos mais concretos dos países no sentido de neutralizar as emissões de carbono em um futuro não muito distante.

Os representantes dos governos de China, Rússia e Índia foram os mais resistentes a estipular qualquer prazo para cumprir metas consideradas quase consensuais pela comunidade internacional. Chineses e russos decidiram manter suas metas de neutralização das emissões de gases de efeito estufa em 2060 — e foi isso que acabou esvaziando o acordo e deixando o documento final sem um prazo específico. Outros países queriam antecipar o objetivo para 2050.

Como noticiado ontem por Oeste, os participantes da reunião do G20 se comprometeram a reduzir o aquecimento global a 1,5º centígrado (C) e diminuir a utilização do carvão. Por outro lado, principalmente por causa da resistência de China, Rússia e Índia, não foi definida uma data exata para a neutralidade de carbono.

“Reconhecemos que os impactos das mudanças climáticas a 1,5°C são muito menores do que a 2°C. Manter 1,5°C ao alcance exigirá ações significativas e eficazes e compromisso de todos os países”, diz o documento. A nota final do encontro afirma ainda que os planos de cada país para reduzir as emissões terão de ser fortalecidos, “se necessário”. Não há nenhuma menção específica sobre prazos para zerar as emissões.

O compromisso do Brasil

Criticado pela esmagadora maioria da imprensa nacional e internacional por supostamente não cumprir sua parte na agenda ambiental, o presidente Jair Bolsonaro já havia comprometido o Brasil com metas ambiciosas de neutralidade de emissões. Em abril, durante a Cúpula de Líderes sobre o Clima, ele reforçou o compromisso do governo brasileiro com o fim do desmatamento ilegal na Amazônia e a redução de emissão de gases que causam o efeito estufa. No pronunciamento, Bolsonaro também afirmou que o Brasil está aberto à ajuda internacional para a preservação do meio ambiente.

“Determinei que nossa neutralidade climática seja alcançada até 2050, antecipando em dez anos a sinalização anterior”, anunciou o presidente na ocasião. “Destaco o compromisso de eliminar o desmatamento ilegal até 2030, com a plena aplicação do nosso Código Florestal. Com isso, reduzirmos em quase 50% nossas emissões até essa data”.

Além do Brasil, Estados Unidos e Reino Unido estão entre aqueles países que se comprometeram com a neutralidade em 2050.

O G20 — grupo que reúne as principais economias do mundo — conta com 19 países e mais a União Europeia. As nações que o compõem respondem por cerca de 80% da produção econômica global e 75% do comércio e das exportações.

COP26

Depois do fracasso da reunião do G20, as atenções agora se voltam para a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), em Glasgow (Escócia). Na abertura do evento, a mensagem principal transmitida aos representantes dos países que participam do encontro foi a necessidade de serem cumpridas as determinações do Acordo de Paris, de 2015.

Nesta segunda-feira, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, aproveitou sua fala inicial para fazer um alerta sobre as consequências do aquecimento global e das mudanças climáticas para as futuras gerações. Ele comparou o desafio dos líderes globais em relação ao meio ambiente à saga do personagem James Bond, o 007. Segundo o premiê, “a tragédia é que este não é um filme, pois a máquina apocalíptica é real”.

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