A principal coalizão da oposição argentina, Juntos pela Mudança, impôs uma dura derrota ao governo kirchnerista nas primárias realizadas neste domingo (12/09), nas quais são escolhidos os candidatos às eleições legislativas nacionais de 14 de novembro.
A aliança opositora saiu do pleito como a grande vencedora, incluindo uma vitória não esperada na província de Buenos Aires, bastião histórico do peronismo e que reúne 40% dos eleitores do país, com 37,99% dos votos contra 33,64%.
Na cidade de Buenos Aires, as três listas apresentadas pela Juntos pela Mudança obtiveram juntas 48,19% do apoio, seguidas de 24,66% da coalizão governante Frente de Todos.
A coalizão Juntos pela Mudança ainda foi vencedora em outros distritos importantes, com 47,55% dos votos na província de Córdoba e 40,11% em Santa Fé.
No cômputo geral, a Juntos pela Mudança obteve 41,5% dos votos, e a Frente de Todos, 31,8%. O presidente Alberto Fernández admitiu que o desempenho não foi bom, mas prometeu trabalhar para reverter o resultado em novembro.
“Nova oportunidade” para a oposição
“Evidentemente devemos ter feito algo errado para que as pessoas não nos acompanhassem como esperávamos, e todos nós que aqui estamos ouvimos o veredito do povo, com respeito e muita atenção”, disse o presidente ao lado da vice-presidente, Cristina Fernández de Kirchner.
O marido da atual vice, o falecido ex-presidente Néstor Kirchner, deu origem ao kirchnerismo, movimento político de centro-esquerda de orientação majoritariamente peronista que hoje ela lidera.
A Juntos pela Mudança, à qual pertence o ex-presidente Mauricio Macri, festejou a “nova oportunidade” obtida nas urnas ao se tornar a mais votada nos principais distritos.
“Obrigado a todos aqueles que foram votar hoje e nos deram uma nova oportunidade. Sabemos que é uma tarefa e uma obrigação”, disse María Eugenia Vidal, pré-candidata a deputada pela cidade de Buenos Aires e ex-governadora da província de Buenos Aires.
Primárias obrigatórias
Para essas primárias de votação obrigatória, conhecidas como Paso (Primárias Abertas, Simultâneas e Obrigatórias), 34,3 milhões de argentinos foram chamados para definir as listas que disputarão as eleições de novembro, quando serão renovadas 127 das 257 cadeiras da Câmara dos Deputados, onde nenhum grupo tem maioria absoluta, e 24 dos 72 assentos, ou oito províncias, do Senado, dominado pelos governistas.
As coalizões podiam apresentar várias listas de pré-candidatos: a mais votada de cada coalizão poderá concorrer em novembro, desde que a coalizão tenha obtido ao menos 1,5% do total de votos.
As eleições foram as primeiras realizadas durante a pandemia e também as primeiras na presidência de Fernández. Analistas as consideraram uma espécie de plebiscito da sua gestão, que é marcada pela pandemia, pela inflação em alta e por uma longa recessão, iniciada em 2018.
Elas também são cruciais para a oposição, que tenta se reorganizar após a derrota de Macri (2015-2019) para Fernández, na eleição presidencial de 2019.